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Estados Unidos libera 2.000 novos arquivos sobre o caso de John F. Kennedy

Mistério ainda persiste, mas agora com novos pontos de vistas.

Caso JFK: +2000 arquivos liberados pelo governo dos Estados Unidos. Imagem: Jornal Opção.
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Por mais de 60 anos, o assassinato do ex-presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, tem sido alvo de especulações e teorias da conspiração. Recentemente, a administração de Donald Trump divulgou mais de 2.000 novos arquivos relacionados ao caso, totalizando cerca de 63.400 páginas.

Apesar da ampliação do acesso aos documentos, especialistas ainda avaliam se essas informações trazem revelações concretas ou apenas reforçam as dúvidas existentes.

O que foi divulgado?

Na terça-feira, 17/03, 2.182 arquivos em formato PDF foram disponibilizados pelo Arquivo Nacional dos EUA. Essa liberação segue a ordem executiva de Trump de janeiro, que determinou a divulgação de documentos sobre os assassinatos de JFK, de seu irmão, o senador Robert F. Kennedy, e do ativista Martin Luther King Jr. No total, esperava-se a divulgação de pelo menos 80.000 páginas.

Muitos dos documentos agora disponibilizados estavam previamente censurados ou mantidos sob sigilo, mas sua divulgação não garante respostas definitivas sobre a morte de Kennedy.

As conspirações e as novas descobertas

O assassinato de JFK, ocorrido em 22 de novembro de 1963, foi oficialmente atribuído a Lee Harvey Oswald, um ex-fuzileiro naval que havia vivido na União Soviética. No entanto, pesquisas indicam que a maioria dos americanos ainda acredita que Oswald não agiu sozinho.

A própria morte de Oswald, dois dias após o crime, reforçou as suspeitas. Ele foi morto pelo dono de uma casa noturna, Jack Ruby, antes que pudesse ser julgado.

Os documentos recentemente divulgados mostram que a CIA já monitorava Oswald antes do assassinato. Novos detalhes apontam que ele foi vigiado de perto, especialmente durante uma visita ao México em setembro de 1963. Relatórios indicam que ele teria comentado abertamente sobre sua intenção de matar Kennedy. Mesmo assim, não há uma "bomba" revelada nos arquivos que confirme qualquer conspiração.

CIA, espionagem e a influência sobre JFK

Os novos arquivos também lançam luz sobre as táticas de espionagem utilizadas durante a Guerra Fria e a relação conturbada entre a administração Kennedy e a CIA. Um dos memorandos desclassificados destaca que o presidente estava preocupado com a crescente influência da CIA sobre a política externa dos EUA, especialmente em países aliados.

Entre as técnicas reveladas nos arquivos, estão o uso de raios-X para detectar escutas escondidas e um sistema para marcar telefones grampeados com uma tinta invisível sob luz ultravioleta. Um nome curioso que aparece nos documentos é o de James McCord, que mais tarde esteve envolvido no escândalo de Watergate.

Transparência ou Segredo?

Embora Trump tenha afirmado que pediu a liberação de todos os documentos sem censura, ainda há arquivos com trechos ocultos. Especialistas apontam que a CIA e o FBI ainda possuem registros que não foram divulgados.

Desde 1992, uma lei determinou que todos os arquivos sobre JFK deveriam ser tornados públicos em um período de 25 anos, mas exceções foram feitas para proteger a "segurança nacional". Em 2017, Trump divulgou 2.800 documentos, mas manteve centenas sob sigilo. Em 2023, Joe Biden liberou mais 17.000 arquivos.

O mistério continua

Apesar da libertação dos documentos, a maioria dos especialistas acredita que as dúvidas sobre o assassinato de Kennedy continuarão. Os documentos confirmam a forte vigilância sobre Oswald e as preocupações de JFK com a CIA, mas não apresentam evidências concretas de uma conspiração.

Com a possibilidade de novas divulgações no futuro, incluindo arquivos sobre os assassinatos de RFK e Martin Luther King Jr., o debate sobre o caso JFK deve persistir por mais algumas décadas.

Como apontou o historiador David Barrett: "Sempre que houver um assassinato político, haverá teorias da conspiração. Isso não vai mudar com a divulgação de novos documentos."

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