Magnólias: a flor ancestral que atravessou eras e floresce do Brasil à Ásia

Com mais de 100 milhões de anos de história, a magnólia é uma das flores mais antigas do planeta. Presente em regiões tropicais e temperadas, incluindo o Brasil, essa árvore ancestral sobreviveu à era dos dinossauros e segue encantando culturas com sua beleza e simbolismo

Magnolias é pré histórico. Imagem: Wikipédia
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Se hoje as magnólias colorem cidades como Berlim com tons de rosa, branco e roxo, é importante lembrar que sua origem está muito além da Europa. Espalhada principalmente por regiões tropicais da Ásia, América do Norte e América do Sul, essa planta pertence a um dos grupos mais antigos de angiospermas — as primeiras plantas com flores conhecidas pela ciência.

Segundo estudos paleobotânicos, a magnólia surgiu no período Cretáceo, há mais de 100 milhões de anos, antes mesmo das abelhas existirem. 

Por isso, ela evoluiu para ser polinizada por besouros, com flores robustas e resistentes a danos — uma herança estrutural que permanece até hoje.

A trajetória evolutiva das magnólias começou há cerca de 100 milhões de anos, no Cretáceo, quando surgiram como uma das primeiras plantas com flores. Naquele tempo, ainda não existiam abelhas, e a magnólia se adaptou para ser polinizada por besouros. 

Com o passar dos milênios e a fragmentação da Pangeia, elas se espalharam por diversos continentes, fixando-se especialmente nas regiões tropicais da Ásia e das Américas. Fósseis encontrados em rochas reforçam sua presença constante ao longo da história geológica. 

No Brasil, a Magnolia ovata, nativa da Mata Atlântica, comprova que essas árvores também fazem parte da nossa biodiversidade. Ao longo do tempo, passaram a ser cultivadas tanto por sua beleza ornamental quanto por seu uso na medicina tradicional em várias culturas.

Presença no Brasil

Embora muitas vezes associada a jardins europeus, a magnólia também cresce em solo brasileiro. Espécies como a Magnolia ovata, conhecida como baguaçu, são nativas da Mata Atlântica. Ela pode atingir até 15 metros de altura e possui folhas grandes, além de flores de coloração esbranquiçada. A presença dessas espécies endêmicas reforça a importância da conservação da biodiversidade local e o valor dessas árvores na cultura e na medicina natural brasileira.

Magnolia ovata Magnolia ovata

Símbolo e medicina: o valor que atravessa culturas

Na China, a magnólia representa pureza e dignidade. No Japão, simboliza renovação e perseverança. No Ocidente, é frequentemente associada à força, resiliência e feminilidade — qualidades inspiradas na sua capacidade de florescer mesmo em condições adversas.

Além do seu valor estético e simbólico, a magnólia é usada há séculos na medicina tradicional chinesa. A casca do tronco contém compostos como magnolol e honokiol, estudados por suas propriedades anti-inflamatórias, ansiolíticas e antioxidantes. No Brasil, o uso fitoterápico da magnólia também tem ganhado espaço, especialmente na forma de extratos e cápsulas com potencial calmante.

Uma flor que resiste ao tempo

Com cerca de 300 espécies registradas no mundo, as magnólias podem viver mais de 100 anos e alcançar até 25 metros de altura. Suas flores grandes, com aroma suave e formato semelhante ao de tulipas, fazem dela uma das protagonistas mais elegantes da flora mundial.

Ver uma magnólia florescer é observar o passado e o presente se encontrarem. Essa árvore ancestral, que testemunhou extinções e transformações geológicas, continua encantando por onde passa — seja nas matas tropicais brasileiras, nos jardins asiáticos ou nas alamedas floridas das grandes cidades.

Em um mundo cada vez mais acelerado, talvez ela nos ensine que a verdadeira força está na constância e na delicadeza.

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