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Primeiro foi na Índia, e agora os Estados Unidos estão cobrindo seus canais de irrigação com milhares de painéis solares

Painel Solares nos Estados Unidos. Imagem: Solar AquaGrid
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Se tem algo que a energia fotovoltaica já provou é sua enorme versatilidade. Ela pode ser uma grande aliada tanto nas cidades quanto no campo — e até mesmo sobre a água. Um exemplo disso são os chamados painéis solares flutuantes, que cobrem áreas de risco. Essa tecnologia já foi testada com sucesso em países como Espanha e Índia.

Os Estados Unidos são mais uma nação que adotou essa tecnologia em larga escala. Em 2024, o governo destinou 25 milhões de dólares (cerca de 490 milhões de pesos) para a instalação de painéis solares sobre canais de irrigação na Califórnia, Oregon, Utah e Arizona.

O projeto tem um duplo objetivo: acelerar a transição para fontes de energia renováveis e reduzir a perda de água por evaporação em regiões afetadas pela seca.

O Projeto Nexus

Só na Califórnia, onde foram cobertos 6.400 quilômetros de canais, a implementação da iniciativa conhecida como "Projeto Nexus" teve um custo de 15 milhões de dólares e foi financiada pela Lei de Redução da Inflação. Os primeiros painéis solares foram instalados sobre os canais do Distrito de Irrigação de Turlock.

De acordo com o Electrek, Turlock fornece água de irrigação para 4.700 agricultores no Vale de San Joaquín. Josh Weimer, diretor de assuntos externos do distrito, disse à ABC que a instalação conta com aproximadamente 425 metros lineares em duas direções: em uma delas, os painéis foram orientados para o sul; na outra, para o oeste. Segundo Weimer, isso permitirá analisar qual direção gera mais energia.

O portal Ecoticias informou que a principal vantagem da instalação de painéis fotovoltaicos sobre canais de irrigação é a economia de água, já que os painéis atuam como uma camada de sombra que reduz a evaporação e protege o limitado suprimento hídrico durante períodos de seca.

A expectativa é que a planta-piloto de Turlock gere cerca de 1,3 GWh de eletricidade por ano. Isso ajudaria o estado a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 40% até 2030.

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Não é uma ideia nova

Os Estados Unidos já estão considerando projetos ainda maiores, como o do canal Delta-Mendota, também na Califórnia, onde serão usados painéis solares flutuantes. Há também o projeto Layton, em Utah, que utilizará estruturas elevadas para instalar módulos fotovoltaicos — a expectativa é que a sombra gerada ajude a economizar cerca de 3,7 milhões de litros de água por ano.

Como mencionamos antes, o país norte-americano não foi o primeiro a adotar essa técnica. Em 2020, a Índia foi pioneira ao instalar painéis solares em canais de água em regiões como Gujarat, que possui cerca de 80 mil canais de irrigação.

O projeto demonstrou não apenas a eficiência em economizar água e gerar eletricidade, mas também evitou a necessidade de ocupar grandes áreas de terra cultivável para instalar os painéis.

Ainda assim, mais estudos são necessários para entender como essa técnica pode impactar os ecossistemas aquáticos. Uma pesquisa da Universidade de Cornell revelou que os gases de efeito estufa foram 27% maiores em lagoas cuja superfície estava coberta em até 70% por painéis solares.

Segundo o estudo, isso poderia afetar os ecossistemas e alterar processos naturais como a decomposição e a atividade microbiana.

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