A manhã desta segunda-feira (28) começou de forma incomum para milhões de europeus. Um apagão de grandes proporções atingiu diversos países, provocando o colapso de transportes, afetando hospitais, congestionando aeroportos e deixando bairros inteiros sem comunicação.
Embora a falha inicial tenha sido atribuída a um problema no sistema elétrico europeu, o contexto global de ameaças digitais reacende um temor mais preocupante: a possibilidade de um ciberataque massivo.
O blecaute teve início por volta das 12h30 (7h30, no horário de Brasília) no horário local e rapidamente se espalhou por diversas regiões. Em Madri, semáforos desligados paralisaram o trânsito, linhas de metrô foram suspensas, o parlamento espanhol ficou às escuras e a emissora RTVE perdeu parte de sua operação.
Aeroportos precisaram adaptar os embarques para processos manuais, e partidas esportivas, como o jogo entre Dimitrov e Fearnley no Madrid Open, foram interrompidas.
Em Lisboa, a situação foi semelhante. Hospitais operaram com geradores, universidades reduziram atividades e a comunicação móvel foi parcialmente comprometida.
As empresas responsáveis pela distribuição de energia, como a portuguesa E-Redes e a espanhola Red Eléctrica, informaram que a interrupção foi necessária para estabilizar a rede diante de uma falha técnica. No entanto, diante da escala e simultaneidade dos impactos, a possibilidade de uma ação cibernética começou a ser considerada.

A suspeita de ciberataque não é descartada
O ministro Adjunto e da Coesão Territorial de Portugal, Manuel Castro Almeida, declarou que a situação seria compatível com um ciberataque, embora tenha reforçado que, até o momento, não havia confirmação. Posteriormente, o Centro Nacional de Cibersegurança de Portugal anunciou que não encontrou indícios concretos de ataque cibernético.
Na Espanha, porém, a investigação continua. O Instituto Nacional de Cibersegurança (Incibe) segue analisando centrais elétricas e coletando dados para determinar se a falha foi acidental ou provocada. Segundo o jornal El País, nenhuma hipótese foi descartada até o momento.
A dimensão do blecaute é incomum
A península ibérica, que abriga mais de 50 milhões de pessoas, raramente enfrenta interrupções de energia tão amplas. Embora ainda não haja um balanço oficial de quantos habitantes foram diretamente afetados, relatos nas redes sociais mostram que o impacto foi generalizado: da ausência de sinal de celular em Portugal à suspensão de linhas ferroviárias na Espanha.
O mundo vive um novo cenário de ameaça cibernética
A suspeita de que o blecaute possa ter origem em um ataque não é infundada. Em 2025, o custo global do cibercrime ultrapassou 8 trilhões de dólares, e a expectativa é que atinja 24 trilhões até 2027. Ransomwares, malware e tentativas de sequestro de infraestrutura crítica se multiplicaram nos últimos anos.
Dados recentes apontam que, em 2024, a Polônia — um dos países atingidos pelo apagão desta segunda — foi o país mais atacado por cibercriminosos no mundo, com mais de mil incidentes semanais. Mesmo regiões com forte proteção, como a Finlândia, estão em alerta diante da crescente sofisticação das ameaças digitais.
Ransomware, em especial, é o tipo de ataque mais temido. Só em 2023, esses incidentes aumentaram 67%, afetando desde grandes corporações até pequenas empresas, além de serviços públicos essenciais como energia, transporte e saúde.
Fornecimento de energia começa a ser restabelecido, mas investigações continuam
Enquanto o fornecimento de energia começa a ser gradualmente normalizado em Portugal e Espanha, a preocupação com a real origem do apagão permanece. O Ministério da Saúde da Espanha informou que todos os hospitais ativaram seus sistemas suplementares de energia e que, até o momento, não há registro de vítimas fatais diretamente ligadas ao blecaute.
Autoridades portuguesas, espanholas e a Comissão Europeia continuam monitorando a situação e trocando informações com especialistas em segurança cibernética.
O episódio desta segunda-feira acendeu um alerta sobre a vulnerabilidade da infraestrutura moderna e sobre como, em um mundo hiperconectado, basta um ataque ou uma falha no ponto certo para mergulhar continentes inteiros no caos.
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