A Alphabet apresentou os resultados financeiros do terceiro trimestre do ano, mas o mais interessante veio depois: na tradicional conversa com investidores para discutir esses resultados, Sundar Pichai, CEO da Alphabet e do Google, destacou algo surpreendente: o código que sustenta todos os seus produtos está sendo cada vez mais desenvolvido não por humanos, mas por máquinas.
Pichai explicou como a fusão das equipes do Gemini e da DeepMind tem ajudado a "acelerar a implementação de novos modelos". Isso tem sido perceptível em várias áreas da empresa, mas, como mencionado, o impacto é particularmente notável no desenvolvimento dos produtos do Google. Como afirmou Pichai:
"Hoje, mais de um quarto de todo o novo código do Google é gerado por IA e, em seguida, revisado e aprovado por engenheiros. Isso ajuda nossos engenheiros a fazer mais e a trabalhar de forma mais ágil."
O dado confirma uma tendência clara: a IA conquistou o mundo da programação. No verão de 2023, uma pesquisa do GitHub revelou que 92% dos programadores já utilizavam ferramentas de programação baseadas em inteligência artificial.
A popularidade dessas ferramentas — lideradas pelo GitHub Copilot — é um sinal evidente de que esse segmento está mudando, apesar de a IA cometer muitos erros ao sugerir código. Na verdade, a percepção no mercado é que essas ferramentas estão levando os desenvolvedores a programar cada vez pior, pois confiam no código gerado por soluções como o ChatGPT.
Ainda assim, para muitos especialistas, o futuro da programação é claro. Mark Garman, CEO da AWS, afirmou que os engenheiros de software não precisarão mais programar, já que será a IA quem fará isso.
Em fevereiro de 2024, Jensen Huang fez uma observação semelhante, dizendo que, a essa altura, ninguém mais deveria aprender a programar porque a IA já fará isso por nós.
A declaração de Sundar Pichai, portanto, ganha especial relevância e aponta para um futuro em que os desenvolvedores não programarão mais, mas apenas revisarão e aceitarão o código gerado pelas máquinas.
As novas ferramentas de IA generativa para programar transformam praticamente qualquer usuário em um potencial desenvolvedor — vimos isso, por exemplo, com o Cursor —, e isso certamente representa um futuro preocupante para os programadores.
A declaração de Pichai pode ser um indício de que, no futuro, um grande número de desenvolvedores será dispensado?
A princípio, isso parece perigoso. Como explicou um programador chamado Darren Horrocks, o uso excessivo de plataformas como o GitHub Copilot pode causar uma erosão da capacidade de programar, uma dependência excessiva de código autogerado e a ausência de responsabilidade sobre o que é programado, já que o código não é do desenvolvedor, mas da IA.
O futuro deste setor, um dos mais rapidamente impactados por esse tipo de ferramenta, parece cada vez mais complicado.
Imagem: Google
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