A queda de vários fragmentos de um foguete Falcon 9 da SpaceX na Polônia resultou em outra queda semanas depois: a do presidente da agência espacial polonesa, que foi destituído pelo governo do país.
Um pouco de contexto
Na madrugada de 19 de fevereiro, a segunda etapa de um foguete Falcon 9, que havia falhado ao desorbitar duas semanas antes, reentrou descontroladamente na atmosfera terrestre. O propulsor, com 13,8 metros de comprimento e 3,66 metros de diâmetro, se desintegrou sobre o norte da Europa.
Os fragmentos que resistiram ao calor da reentrada caíram perto da cidade de Poznan. Um tanque de um metro e meio de comprimento, revestido de fibra de carbono, atingiu o pátio de um depósito de materiais elétricos, mas sem causar danos. Um funcionário do armazém foi quem alertou a polícia sobre o ocorrido.
A resposta inicial
No dia seguinte, a Agência Espacial Polonesa (POLSA) afirmou ter informado oportunamente diversas instituições do governo polonês sobre o incidente. Segundo a agência, seu Departamento de Segurança Espacial monitora constantemente ameaças causadas por objetos espaciais artificiais, como foguetes.
Normalmente, a SpaceX desorbita o Falcon 9 sobre o oceano, longe de áreas habitadas. No entanto, neste caso, um problema técnico após o lançamento da missão Starlink 11-4, em 2 de fevereiro, impediu que o motor da segunda etapa do foguete fosse reativado para uma reentrada controlada.
Como resultado, o foguete permaneceu orbitando a Terra até reentrar na atmosfera devido à gravidade e ao atrito atmosférico. Isso aconteceu no dia 19 de fevereiro, às 4h43, no horário da Polônia.
Contradições
A descoberta de vários fragmentos do Falcon 9 em diferentes partes da Polônia gerou uma crise interna. O ministro polonês do Desenvolvimento e Tecnologia, Krzysztof Paszyk, desmentiu a POLSA, afirmando que a agência espacial não havia informado as autoridades como alegava e exigindo esclarecimentos urgentes do então presidente da POLSA, Grzegorz Wrochna.
Em 28 de fevereiro, a POLSA esclareceu que realmente havia enviado informações sobre a reentrada ao Ministério da Defesa Nacional, mas admitiu que os e-mails foram enviados para endereços incorretos, segundo o European Spaceflight.
Para piorar a situação, em 2 de março, a POLSA sofreu um ataque cibernético que forçou a desconexão de seus sistemas da internet até o dia 5.
A demissão
Finalmente, em 11 de março, o Ministério do Desenvolvimento e Tecnologia da Polônia anunciou oficialmente a destituição de Grzegorz Wrochna do cargo de presidente da POLSA. Ele foi demitido por sua má gestão do incidente envolvendo a reentrada descontrolada dos destroços do Falcon 9 sobre o território polonês.
Por sua vez, a SpaceX esclareceu que estava colaborando com o governo da Polônia nas operações de recuperação e limpeza, além de garantir que não havia materiais tóxicos entre os destroços.
A empresa disponibiliza um telefone e um e-mail específicos para relatar a localização de restos de seus foguetes: 1-866-623-0234 e recovery@spacex.com.
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