A procrastinação costuma ser associada à preguiça na hora de realizar uma tarefa. No entanto, a realidade geralmente está bem longe disso. O hábito de adiar tarefas está mais ligado a dificuldades na gestão das emoções em situações de estresse, ansiedade, rebeldia ou até mesmo tédio.
A escritora e especialista em gestão do tempo Elizabeth Grace Saunders, em um artigo publicado na FastCompany, recomenda analisar o que está causando essa resistência a determinada tarefa. Isso pode ajudar a encontrar uma forma de lidar com ela e enfrentá-la antes que seja tarde demais.
Ansiedade: só de pensar na tarefa, você já sente medo
Diante de um projeto complicado ou chato, o simples fato de pensar no desafio pode fazer com que você o evite. Mesmo sabendo que isso é um autoengano — e que, no fim, vai precisar fazer a tarefa de qualquer jeito —, o adiamento só adiciona um problema extra: a ansiedade por não conseguir cumprir o prazo.
No fim das contas, o medo e a ansiedade gerados por uma tarefa que causa insegurança — por não saber se você será capaz de realizá-la — acabam te bloqueando novamente. De forma inconsciente, seu cérebro tenta evitá-la a todo custo.
Nesses casos, é fundamental lembrar que a ansiedade provocada pela tarefa só vai aumentar à medida que o prazo se aproxima. Ela não vai desaparecer até que você conclua o que precisa ser feito.
Uma estratégia para superar esse bloqueio inicial é se tornar seu próprio assistente. Reservar um tempo todos os dias para organizar o material, os dados ou os documentos necessários pode ajudar a reduzir a resistência emocional de iniciar o processo.
Se for um projeto que você nunca fez antes, talvez valha a pena conversar com alguém que já passou por essa experiência para entender como a enfrentou ou até buscar inspiração em ferramentas de IA.
Se já fez algo parecido no passado, mas o resultado não foi como esperado e o medo de falhar de novo está te travando, reflita sobre os erros cometidos e como pode melhorar desta vez. O simples ato de tomar iniciativas para enfrentar a tarefa já te coloca no caminho de reduzir a incerteza e a ansiedade que ela causa.

Rebeldia: você não se alinha com a tarefa
Às vezes, a procrastinação surge quando você não se identifica com uma tarefa. Por exemplo, quando te pedem para executar um projeto que você acredita não ser a melhor solução ou que considera errado, mas que, mesmo assim, precisa fazer porque é uma exigência do seu trabalho.
Gretchen Rubin, autora do livro As Quatro Tendências, recomenda alinhar essa tarefa — que você resiste a fazer por rebeldia — a algum valor pessoal. Por exemplo, em vez de pensar que aquilo não vai servir para nada, você pode enxergar como parte da sua responsabilidade e lembrar que sua ética de trabalho não permite entregar algo medíocre ou mal feito de propósito, especialmente quando você sabe que pode fazer bem feito.
Essa mudança de perspectiva transforma a tarefa, deixando de ser algo que te obrigam a fazer para se tornar algo que você escolhe fazer, porque é um profissional responsável… mesmo que não concorde com ela.
Tédio: nada te motiva a começar a tarefa
O tédio também pode ser um gatilho para a procrastinação, assim como a curiosidade pode impulsionar a vontade de iniciar outras tarefas. Nesse caso, o fator emocional está diretamente ligado à motivação que você sente para realizar a atividade.
Se for algo tedioso ou que você considera pouco relevante, seu cérebro pode simplesmente preferir não fazer.
Uma forma de lidar com isso é colocar a tarefa dentro de um contexto que justifique sua importância. Um exemplo extremo seria: se eu não fizer essa tarefa, serei demitido. Mas, em situações mais comuns, mesmo uma tarefa entediante, como inserir dados em uma planilha, pode ser essencial para seus colegas ou para a empresa.
O especialista em hábitos James Clear, autor de Hábitos Atômicos, afirma que:
"Se você tem dificuldade em manter um hábito porque ele parece um incômodo, escolha uma versão diferente dele. Cada pessoa gosta de coisas diferentes. Encontre a versão mais agradável de cada hábito que pratica. Torne seus hábitos divertidos."
Trazendo isso para o contexto de iniciar uma tarefa que você considera chata, a ideia é encontrar uma forma de torná-la mais suportável. Uma estratégia pode ser ouvir música ou um podcast enquanto trabalha. Associar uma atividade prazerosa a algo monótono pode tornar a tarefa menos cansativa.
Outra alternativa, sugerida por Kirsten Milliken, psicóloga e autora do livro PlayDHD, é aplicar a gamificação à tarefa.
Essa estratégia consiste em criar pequenos desafios para tornar a atividade mais interessante — uma espécie de incentivo em forma de jogo que te impulsiona até a conclusão. Por exemplo: quantos dados você consegue inserir em um determinado tempo? Como otimizar a tarefa para eliminar etapas e realizá-la mais rápido ou com menos esforço?
O objetivo é desvincular a sensação de tédio e monotonia da tarefa. Dessa forma, em vez de suspirar de frustração antes de começar, você pode enxergá-la como uma oportunidade para ouvir o episódio mais recente do seu podcast favorito ou revisitar os sucessos da sua playlist.
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