Após terminar a primeira fase da Neom, a Arábia Saudita orgulhosamente mostrou fotos do que será uma espécie de porto deserto para milionários. Poucos dias depois, a nação voltou às notícias com o início de uma espécie de cubo de arranha-céus onde caberiam 20 Empire State Buildings. Hoje parece que tudo está murchando um pouco. Sem aviso, o chefe da Neom deixou o projeto.
CEO de saída
Como o The Wall Street Journal contou, Nadhmi al-Nasr, até então CEO da Neom, foi embora repentinamente. A mudança representa uma reestruturação significativa de um dos maiores projetos de construção do mundo. Embora o jornal tenha dito que os motivos específicos para sua saída são desconhecidos, a decisão ocorre em meio a desafios financeiros e organizacionais.
Neom, liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, inclui megaprojetos como uma estação de esqui em uma área desértica, um distrito comercial flutuante e dois arranha-céus de quilômetros de altura. No entanto, quase ao mesmo tempo, a Arábia Saudita tentou "normalizar" a situação.
The Line de vento em popa
Uma publicação no site do projeto adicionou uma renderização da Neom e garantiu que a Arábia Saudita ainda está avançando com a construção do The Line, além de divulgar novos detalhes sobre o projeto. As autoridades relataram o progresso atual e anunciaram os nomes dos estúdios de arquitetura encarregados de transformar essa ideia ambiciosa em realidade.
Lembramos que o objetivo final do projeto é se estender por 170 km, embora nesta primeira etapa ele cubra apenas 2,4 km. Com 500 metros de altura e 200 de largura, abrigará uma cidade com capacidade para cerca de 300 mil habitantes, com sistemas de ar condicionado que controlarão o clima dentro dessa estrutura no deserto.
Empresas responsáveis
Entre os selecionados para o projeto está o estúdio americano Gensler, responsável pela Shanghai Tower, o terceiro edifício mais alto do mundo. Gensler trará sua expertise em planejamento urbano e design de transporte, bem como espaços públicos. O austríaco Delugan Meissl Associated Architects foi nomeado como o principal planejador urbano e trabalhará no projeto detalhado da primeira fase. Seu foco incluirá, segundo eles, aspectos de microclima, ecologia, mobilidade, logística e sustentabilidade.
Por sua vez, o britânico Mott MacDonald ficará responsável pela engenharia de infraestrutura da cidade, uma tarefa crítica no deserto. Ele gerenciará sistemas essenciais como água, energia e esgoto, bem como implantará tecnologia de IA e vigilância para maximizar a eficiência.
Dificuldades e atrasos
Não há dúvidas de que, embora o projeto tenha novas assinaturas e pareça ainda estar de pé, ele não está isento de problemas. De fato, a Neom enfrentou inúmeros desafios, incluindo atrasos, estouros de custos e alta rotatividade de pessoal. Como disse o WSJ, os executivos sauditas reconhecem que os fundos são insuficientes para cobrir todos os conceitos inicialmente planejados, e o Fundo de Investimento Público (PIF) do país assumiu um papel de maior controle.
Após a fuga inesperada do CEO, Aiman al-Mudaifer, um executivo imobiliário do PIF, passou para o papel de CEO interino da Neom, em uma mudança que o conselho descreve como uma "decisão estratégica". A propósito, o jornal também detalha que, além de Nasr, outros executivos de alto nível, como Wayne Borg, chefe da divisão de mídia, e Antoni Vives, responsável pelo desenvolvimento do projeto Line, também deixaram a empresa.
Investimento estrangeiro
É a última etapa a ser tratada. O projeto encontrou dificuldades para atrair o investimento estrangeiro esperado, apesar de várias tentativas. Em particular, o The Line, originalmente planejado e depois reduzido em sua primeira fase, enfrenta altos custos que podem exceder US$ 2 trilhões, muito mais do que a Arábia Saudita pode (ou pensava) gastar.
Embora o PIF tenha ativos avaliados em US$ 1 trilhão, o WSJ explica que muitos estão investidos em ativos difíceis de liquidar, pelo menos rapidamente, como participações na Aramco e fundos de private equity. Em suma, o CEO está fugindo, embora a Arábia Saudita insista em mostrar que nada mudou o roteiro.
Imagem | Neom
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