“Os consoles Super Nintendo parecem ficar mais rápidos à medida que envelhecem.” TASBot tornou públicas suas suspeitas no dia 26 de fevereiro, no Bluesky, e desde então muitos outros usuários do icônico console de 16 bits da Nintendo correram para testar suas máquinas e verificar se essa observação reflete um comportamento comum em vários dispositivos ou se, ao contrário, trata-se apenas de uma falha pontual em uma unidade com defeito.
Há um motivo importante para que as suspeitas de TASBot tenham repercutido tanto na comunidade de fãs da Super Nintendo: Alan Cecil — o verdadeiro nome por trás do projeto — é o criador do TASBot (Tool-Assisted Speedrun roBOT), um bot desenvolvido para completar jogos em uma velocidade superior à de qualquer jogador humano.
Cecil é bastante conhecido na comunidade de speedrunners, o que fez com que muitos outros usuários rapidamente tirassem seus Super Nintendo do armário para ver se os consoles estavam, de fato, se acelerando sozinhos.
Os responsáveis são o chip de som da Super Nintendo e seu DSP
Pouco depois de Alan Cecil publicar sua descoberta no Bluesky, dezenas de donos da Super Nintendo confirmaram que, de fato, há um circuito integrado operando com uma frequência de clock ligeiramente superior àquela com que funcionava na época do lançamento do console. Ainda é necessário que mais usuários testem seus aparelhos para confirmar se o fenômeno é generalizado, mas a amostra atual já é ampla o suficiente para dar credibilidade às suspeitas iniciais de Cecil.
Os responsáveis parecem ser o chip de som SPC700 e seu DSP de 16 bits, identificado como S-DSP. Este último processador digital de sinais é o encarregado pela geração do som. Ambos os chips foram fabricados pela Sony dentro de um projeto liderado por Ken Kutaragi, o “pai” dos consoles PlayStation.
O curioso é que eles trabalham em conjunto com um ressonador cerâmico que, em teoria, é responsável por gerar um sinal de clock de 32.000 Hz.
Isso levou esses programadores a configurar seus emuladores para rodar os chips a 32.040 Hz, com o objetivo de reproduzir os jogos com a maior fidelidade possível. Mas já se passaram dezoito anos desde então e, ao que tudo indica, o chip de som das Super Nintendo e seu DSP continuam acelerando com o tempo.
Cecil percebeu que, já em 2007, alguns desenvolvedores de emuladores de Super Nintendo haviam notado que o ressonador entregava uma frequência um pouco mais alta.
Boa parte dos mais de cem usuários que responderam a Cecil confirmou que esses chips, em seus consoles, também estão operando com uma frequência de clock mais alta do que a especificada pela Nintendo. A medição mais elevada registrada até agora foi de 32.182 Hz.
A Murata, empresa japonesa responsável pela fabricação do ressonador cerâmico, confirmou que a frequência de oscilação varia de acordo com diferentes condições físicas — o que torna razoável concluir que o passar do tempo está afetando esse componente dos consoles Super Nintendo.
Como consequência, isso tem aumentado a velocidade de transferência de dados entre a CPU e o chip de som da máquina da Nintendo. De qualquer forma, até o momento, nada indica que esse comportamento anômalo vá reduzir a vida útil do oscilador. Infelizmente, os componentes que costumam apresentar defeito com mais facilidade nas Super Nintendo — e em outros consoles — são os capacitores.
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