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EUA condena homem que enriqueceu com cartel em Serra Leoa; ele também comandou a guerra às drogas no México

Genaro García Luna foi condenado a 38 anos de prisão, sendo o funcionário de mais alto escalão da história do México a ser condenado em solo estadunidense.

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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

O México já tem um histórico de problemas com o narcotráfico, e notícias como essas mostram a gravidade da situação. Por exemplo, o fato de um projeto tão grande como a criação de um trem de mercadorias e passageiros por todo o país ser analisado pela perspectiva dos narcotraficantes, ou as ruínas maias começando a se tornar inacessíveis por causa da violência.

No entanto, talvez nenhuma notícia consiga ilustrar melhor a extensão do poder do tráfico de drogas do que uma recente ocorrida em Nova York.

A notícia

O ex-secretário de Segurança Pública do México, Genaro García Luna, o homem que foi uma das figuras chave na luta contra o narcotráfico, foi condenado a mais de 38 anos de prisão nos Estados Unidos por aceitar subornos milionários do cartel de Sinaloa.

A sentença, imposta por um tribunal em Nova York, marca um marco histórico ao ser o funcionário de mais alto escalão da história do México condenado em solo estadunidense. Luna, que comandou a Polícia Federal e ocupou um cargo no gabinete durante o governo do presidente Felipe Calderón (2006-2012), foi considerado culpado por proteger os narcotraficantes que ele supostamente deveria combater.

Subornos e proteção

Quando questionados sobre o que exatamente Luna fez, os promotores dos Estados Unidos apresentaram provas de que ele recebeu milhões de dólares em troca de informações sobre investigações em andamento contra o cartel de Sinaloa, apoio logístico para o tráfico de drogas e sabotagem das operações policiais legítimas que tentavam capturar os líderes do cartel.

E não foi só isso, não!

Durante o julgamento, foi revelado que Luna permitiu o trânsito seguro de grandes quantidades de drogas para os Estados Unidos, incluindo mais de um milhão de toneladas de cocaína transportadas por aviões, trens e submarinos. Além disso, as provas mostraram evidências de seu vínculo com figuras políticas influentes dos Estados Unidos, como o ex-presidente Barack Obama, o que destaca o nível de acesso e poder que ele chegou a exercer.

Falando o ex-presidente

Assim que a sentença foi divulgada, os olhares se voltaram para o homem que governava o México durante o "trabalho" de Genaro Luna, Felipe Calderón. O ex-presidente comunicou que respeita a decisão do tribunal, embora tenha afirmado que nunca teve provas verificáveis das atividades ilícitas de seu ex-secretário.

Calderón defendeu sua postura ao afirmar que combater os cartéis foi uma das decisões mais difíceis de sua vida, mas que ele a tomaria novamente. Do outro lado, enquanto isso, grupos de manifestantes têm se reunido em frente ao tribunal, alguns com cartazes acusando Calderón de estar ciente das atividades de García Luna, tudo isso em um ambiente tenso que reflete as tensões políticas geradas pelo caso.

Multa e corrupção

Além da sentença de prisão, o juiz Brian Cogan, dos Estados Unidos, impôs uma multa de dois milhões de dólares a García Luna.

Durante o julgamento, foram apresentados depoimentos de ex-membros do cartel, como um que afirmou ter entregue pessoalmente até 6 milhões de dólares em subornos ao ex-secretário.

Os promotores também detalharam como García Luna tentou corromper outros detentos no Centro de Detenção Metropolitano de Brooklyn para reverter o veredicto de culpabilidade. A esse respeito, Cogan foi enfático ao afirmar que "os elogios passados" que ele recebeu por seu trabalho na guerra contra as drogas não justificam seus crimes, qualificando seu papel no narcotráfico como o de "um facilitador chave para os cartéis".

Apelações e outros casos

Embora já tenha sido proferida a sentença, García Luna e sua equipe jurídica afirmaram que irão apelar da decisão, argumentando que o homem perdeu tudo: sua reputação, suas finanças e as políticas que defendeu durante seu mandato. "Só lhe resta a família", disse seu advogado, sugerindo que sua condenação faz parte de uma narrativa construída com base em informações falsas fornecidas por criminosos.

O caso de García Luna foi utilizado pela mídia para lembrar outro semelhante, mas com uma resolução bem diferente: o da prisão do ex-secretário de Defesa mexicano Salvador Cienfuegos, detido em 2020 por suposta colaboração com um cartel de drogas. Ao contrário da condenação de Luna, o ex-presidente mexicano López Obrador protestou contra a prisão de Cienfuegos, acusando a DEA de fabricar provas.

Por fim, as acusações contra Cienfuegos foram retiradas e ele foi libertado no México.

Imagens | Luis Barrios, RawPixel

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