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Fundação mais profunda do mundo chega a 120 metros sob o chão e sustenta essas duas megatorres

Torres Petronas, na Malásia, já não são as torres mais altas do mundo, mas ainda ostentam um recorde no Guinness

Torres Petronas
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

É inevitável. Sempre que falamos de "megaestruturas", focamos na altura ou no comprimento, como o quão altas ou longas são as edificações. Isso acontece, por exemplo, com o Burj Khalifa, o arranha-céu dos Emirados Árabes que se tornou a construção mais alta do mundo graças aos seus 828 metros, ou com a Jeddah Tower, ainda em construção na Arábia Saudita, que deseja quebrar esse mesmo recorde ao ultrapassar os mil metros de altura. Em outros casos, como The Line, uma megalópole com 170 km de extensão, é justamente o comprimento que impressiona.

Existe, no entanto, outra dimensão igualmente impressionante, mas que raramente recebe tanta atenção: a profundidade, os alicerces.

Um recorde Guinness para a Malásia

Se considerarmos os alicerces, o recorde mundial não está na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes ou nos EUA. Seu vencedor está no Sudeste Asiático. Pelo menos segundo o Guinness World Records, que reconhece como os alicerces mais profundos do mundo aqueles que sustentam as Torres Petronas, em Kuala Lumpur, capital da Malásia. Suas estruturas atingem uma profundidade recorde de 120 metros.

O Guinness não é o único que atribui às Petronas o mérito de ter os alicerces mais profundos. As torres malaias também lideram o ranking elaborado pela Capital Piling, uma empresa britânica especializada em estacas e fundações. Segundo seus cálculos, pelo menos até 2022, as Petronas ainda ostentavam os alicerces mais profundos do mundo.

Torres Petronas

Objetivo: adaptar-se ao terreno

Os alicerces das Torres Petronas não são tão profundos por capricho dos arquitetos ou por uma busca deliberada por um recorde internacional. A razão, lembra a Capital Piling, está no terreno que circunda a estrutura, considerado "muito instável". Por isso, os responsáveis optaram por uma fundação de estacas de concreto, estruturas projetadas para distribuir a carga. O Structures Insider enfatiza o tipo de solo da região, propenso a expandir-se com a umidade e a contrair-se quando seco.

"O edifício está assentado sobre uma formação densa de solo limoso que se sobrepõe a uma pedra calcária intemperizada e muito degradada. Cada torre repousa sobre uma laje que coroa 104 estacas barrete, com profundidades que variam entre 30 e 108 metros", explica a Durham Geo Slope Indicator, empresa de instrumentação e equipamentos geotécnicos. "As lajes têm uma espessura de 4,5 metros e foram fundidas em um único lance para cada torre. Os projetistas exigiram que as lajes fossem equipadas com instrumentos para medir tanto a carga suportada pelas estacas quanto a transmitida ao solo pelas lajes."

Um ano de trabalho

Alcançar um recorde arquitetônico não é tarefa fácil. Nem mesmo, como no caso das Petronas, quando o resultado está destinado a permanecer oculto, sob o solo. O site Petronas Twin Towers detalha que os trabalhos de fundação ficaram a cargo da empresa Bachy Soletanche, que dedicou cerca de 12 meses à tarefa, e confirma que os alicerces alcançam 120 metros de profundidade.

"Arranha-céus precisam de fundações sólidas e profundas que penetrem no subsolo. Dada a tremenda altura das torres, as Petronas contam com uma fundação sólida de 120 metros sob suas densas bases de concreto", observa o site. E, como uma imagem vale mais que mil palavras, o portal inclui um esquema simples, mas esclarecedor, sobre como é exatamente a base das torres.

Torres Petronas

Uma estrutura bem ancorada

Os alicerces das Petronas impressionam, mas não mais do que as próprias torres que sustentam: dois arranha-céus que ostentaram, por alguns anos, entre 1998 e 2004, o título oficial de edifícios mais altos do mundo.

Cada uma das torres gêmeas mede 452 metros de altura, distribuídos por 88 andares, além de cinco níveis subterrâneos para serviços mecânicos e estacionamento. Estima-se que cada torre pese cerca de 300 mil toneladas, o que —segundo seus responsáveis— equivale a mais de 42.800 elefantes adultos. Dar forma a essas estruturas exigiu seis anos de trabalho e um investimento de 1,6 bilhão de dólares.

Mais alta, mas não mais profunda

As Petronas podem não ser mais os maiores arranha-céus do mundo, mas isso não significa que as torres que as superam em altura possuam fundações mais profundas. A Capital Piling destaca que, apesar de alcançar quase 830 metros de altura, o Burj Khalifa, em Dubai, tem uma base bem menos profunda: conta com 192 estacas de concreto perfuradas a uma profundidade de até 49,9 metros.

O mesmo ocorre com a Torre Taipei 101, localizada em Taiwan, que ultrapassa os 508 metros de altura e se apoia em 380 estacas de concreto com 1,5 metro de diâmetro, cravadas até uma profundidade de 79,8 metros. Tampouco parece que a Torre Jeddah superará o recorde malaio. Segundo dados fornecidos pelos seus promotores em 2014, quando foi concluída a fundação, o projeto incluiu 270 estacas com diâmetros entre 1,5 e 1,8 metro, alcançando até 105 metros abaixo do nível do solo.

O rei dos edifícios

O título que o Guinness concede às Petronas é o de "fundações mais profundas para um edifício". E essa última expressão, que se refere a edificações, não é casual. Os arranha-céus de Kuala Lumpur se destacam entre os grandes blocos de apartamentos e escritórios do planeta; mas, se ampliarmos o escopo para incluir outras obras de engenharia, a disputa fica muito mais acirrada.

Em junho de 2022, Bangladesh inaugurou oficialmente a ponte do rio Padma, um viaduto de 6,51 km que custou 3,6 bilhões de dólares e foi projetado para reduzir a distância entre a capital, Daca, e o porto de Mongla. Embora a estrutura talvez não se destaque por sua extensão, ela impressiona por sua fundação: seus pilares de aço estão cravados a uma profundidade de 122 metros no leito do rio, o que levou a que, na época, fosse mencionado como um "recorde mundial" entre estruturas desse tipo.

Imagens | Alex Block (Unsplash), Kevin Olson (Unsplash) e Petronas Twin Towers

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha

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