O Japão deu o alerta: a China domina a produção mundial de chips e baterias graças ao gálio

  • A China produz 59,2% do germânio, 48% do antimônio e 98,8% do gálio

  • As empresas japonesas são as que mais consomem gálio, germânio e grafite

Guerra de sanções entre EUA e China vai afetar países de todo o mundo / Imagem: Xataka Espanha
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

No último dia 2 de dezembro, entrou em vigor um dos pacotes de sanções contra a China mais agressivos já implementados pelos EUA. O governo de Joe Biden adicionou 140 empresas à sua lista negra. Essas restrições têm como alvo principal as companhias chinesas que projetam e produzem os equipamentos de litografia utilizados na fabricação de semicondutores avançados, o que presumivelmente está causando um impacto significativo na indústria chinesa de chips.

Como era de se esperar, a China reagiu rapidamente. Apenas um dia depois, o governo de Xi Jinping anunciou a proibição da exportação de minerais críticos para os EUA. Entre eles, estão três elementos químicos essenciais para a indústria de semicondutores, além de alguns materiais conhecidos por sua extrema dureza e possíveis aplicações militares, como o gálio, o germânio e o antimônio.

Segundo o Japão, as restrições afetarão as cadeias de suprimentos de chips e baterias

Atualmente, a China produz 59,2% do germânio, 48% do antimônio e nada menos que 98,8% do gálio. "Essa medida representa uma escalada considerável da tensão já enfrentada pelas cadeias de suprimentos. O Ocidente já tem dificuldade em acessar algumas matérias-primas", afirma Jack Bedder, cofundador da consultoria Project Blue. "É lógico que a China responda às crescentes restrições impostas pelas autoridades dos EUA, tanto atuais quanto iminentes, com suas próprias limitações sobre esses minerais estratégicos", aponta Peter Arkell, presidente da Associação Global de Mineração da China. "É uma guerra comercial sem vencedores".

Vários funcionários e executivos japoneses ligados à indústria de semicondutores compartilham da visão de Jack Bedder. Segundo o Financial Times, esses especialistas estão alertando os governos dos EUA, do Japão e de seus aliados de que as restrições impostas pela China à exportação de gálio e outras matérias-primas estratégicas terão um impacto profundo nas cadeias de suprimentos de semicondutores e baterias.

No entanto, isso está longe de ser tudo. Autoridades japonesas suspeitam que o governo chinês possa exigir que o Japão informe sobre todos os produtos contendo gálio exportados para os EUA. Caso contrário, a administração de Xi Jinping poderia endurecer ainda mais as medidas, que já fizeram com que as importações japonesas de gálio da China caíssem nada menos que 85% entre agosto de 2023 e o mesmo mês de 2024.

As empresas japonesas são as que mais consomem gálio, germânio e grafite, superando as companhias dos EUA, Europa, Taiwan e Coreia do Sul. Se o governo de Pequim endurecer ainda mais o controle sobre o gálio, os motores elétricos dos carros da Tesla fabricados no Japão, os lasers de arsenieto de gálio usados pela Broadcom e alguns dos chips integrados nos iPhones da Apple poderão ser afetados pelas licenças de exportação da China.

Essa situação nos lembra algo importante: nenhum país industrializado pode ficar à margem da guerra econômica e comercial entre EUA e China.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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