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O luxo vacila na costa de Miami: a Porsche Design Tower e outros arranha-céus estão afundando em um ritmo alarmante

  • Um estudo alerta sobre o elevado ritmo de afundamento do solo sob os arranha-céus construídos no litoral de Miami

  • Os alicerces afundaram entre dois e oito centímetros entre 2016 e 2023

Torre da Porsche em Miami está afundando / Imagem: Porsche Design
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

O edifício Porsche Design Tower é um dos mais emblemáticos e reconhecíveis do horizonte da baía de Miami, mesmo estando cercado por prédios de luxo com apartamentos que custam milhões de dólares. Inaugurada em 2017, a torre ergue-se como símbolo de luxo e exclusividade da marca.

O problema é que, tanto o edifício projetado pela fabricante de supercarros quanto seus vizinhos podem estar com os dias contados: seus alicerces estão afundando em um ritmo que surpreendeu os cientistas que estudavam o terreno.

Gigantes com pés de barro

Não é apenas uma metáfora. Um estudo da Universidade de Miami analisou o terreno da faixa costeira de Miami entre os anos de 2016 e 2023. Em suas conclusões, destacaram que um total de 35 edifícios costeiros localizados nas áreas residenciais mais exclusivas de Miami afundaram entre dois e oito centímetros durante esse período de observação.

A maioria dos edifícios analisados no estudo tem menos de 20 anos, e os pesquisadores vinculam o afundamento ao excesso de pressão sobre um terreno formado por calcário com muitas infiltrações de areia, o que o torna mais suscetível à pressão vertical exercida pelos alicerces desses enormes arranha-céus de luxo.

Porsche Design Tower: uma das mais afetadas

Uma das construções mais prejudicadas no estudo é a torre de apartamentos de 195 metros projetada pela Porsche em 2017. Os pesquisadores destacaram a rapidez com que o solo sob seus alicerces está afundando. O edifício projetado pela Bentley também registrou afundamento do solo onde sua estrutura está sendo construída.

"A ocorrência e a magnitude do afundamento parecem estar fortemente correlacionadas com a presença de camadas arenosas nos estratos subjacentes. Em particular, a área ao redor da Torre Porsche Design, onde o calcário subjacente contém aproximadamente 50% de camadas arenosas, apresenta um afundamento significativo", observaram os pesquisadores.

Edifícios afundando / Imagem: Universidade de Miami

Possibilidade de desabamento

Uma das maiores incógnitas que se apresentam aos autores do estudo é se o afundamento faz parte de um processo de assentamento do terreno devido à recente construção de edifícios na região, ou se esse afundamento se prolongará ao longo do tempo, causando o desabamento dos edifícios.

"Em casos de subsidências decrescentes exponenciais, existe a possibilidade de que a subsidência pare com o tempo. No entanto, em casos de subsidências a uma taxa constante [como a que sofre a Porsche Design Tower], não há indícios de que parem a curto prazo", apontaram os autores no artigo. "Embora os edifícios altos do sul da Flórida sejam projetados para sofrer assentamentos de várias dezenas de centímetros em toda a estrutura, o assentamento diferencial induz tensões internas que podem causar danos estruturais nos edifícios".

Principal suspeita: superlotação

Um dos motivos que poderiam ter causado a aceleração do afundamento dessa zona costeira de Miami é o boom imobiliário que a região sofreu com a chegada de milionários de outras partes do país. Os cientistas apontam que as vibrações no terreno provocadas pelas obras de construção dos grandes arranha-céus desde 2014 e o aumento do peso estrutural poderiam ter acelerado a compressão das camadas de areia infiltrada entre a rocha calcária do solo.

"A maioria dos edifícios que sofrem afundamentos são estruturas novas construídas após 2014, o que sugere que o afundamento é consequência da própria construção. No caso das estruturas mais antigas afetadas, o início do afundamento coincide, na maioria dos casos, com atividades de construção próximas", conclui o estudo.

O solo já enviou seus primeiros sinais

O afundamento de determinadas áreas do litoral de Miami já deu seus primeiros sinais de alerta com o desabamento, em 2021, de um edifício de 12 andares construído em 1981 na linha de frente de Surfside, uma das áreas registradas no estudo. Cada um dos apartamentos desse edifício custava entre 600.000 e 800.000 dólares (de R$ 1 milhão a R$ 1,3 milhão).

Os investigadores vinculam esse desabamento ao afundamento do solo causado pelas construções posteriores. "Embora o Champlain Towers South, o condomínio que desabou, não tenha mostrado afundamento no seu teto apesar das vibrações significativas da construção adjacente do 87 Park (que, esse sim, apresenta assentamento), o afundamento dos edifícios baixos próximos com cargas estruturais relativamente pequenas (Cabarete e Residence Inn, cerca de 600 m ao norte), quase certamente é impulsionado por atividades de construção".

Imagem | Porsche Design

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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