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Warren Buffet não quer mais investir em empresas; governo americano já mandou o boleto dos impostos

  • A Berkshire Hathaway já acumula três trimestres vendendo ações da Apple e do Bank of America sem reinvestir esse dinheiro. Até agora, a empresa acumulou 325,2 bilhões em caixa.

  • Estima-se que a fatura fiscal por não reinvestir esse valor alcançará 20 bilhões de dólares em impostos até o final do ano.

Warren Buffet não investe mais em empresas - Imagem | Flickr (Fortune Live Media)
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Warren Buffett é um dos investidores mais respeitados do mundo e acumula mais de 60 anos de experiência investindo em empresas. Conhecido como o "Oráculo de Omaha", ele obteve parte de sua fortuna investindo estrategicamente em momentos de crise, para depois colher grandes lucros durante períodos de bonança.

No entanto, nos últimos meses, sua estratégia de investimento sofreu uma mudança importante, com o bilionário parecendo não confiar mais na avaliação de mercado das empresas. O resultado disso foi uma liquidez acumulada de mais de 325 bilhões de dólares e uma conta bilionária de impostos.

Adeus, Apple, adeus

No mês de agosto passado, Warren Buffett deu a ordem para vender 55,8% das ações da Apple que controla através de sua empresa Berkshire Hathaway. Há alguns dias, Warren Buffett apresentou os resultados financeiros de sua empresa, nos quais foi revelado que a venda das ações da Apple continuou.

Segundo os dados contábeis da Berkshire Hathaway, a participação na Apple caiu de 174,3 bilhões de dólares, registrados no final de 2023, para 69,9 bilhões de dólares durante o terceiro trimestre de 2024. Isso representa uma venda de quase dois terços de sua posição na Apple.

Original

Mudança de estratégia

A venda das ações da Apple implica uma mudança de visão em relação à gigante tecnológica, na qual Warren Buffett confiou cegamente na última década, quebrando assim sua doutrina de investimento a longo prazo.

Essa mudança representa uma abordagem muito mais conservadora, já que ele também vendeu ações no valor de 10 bilhões de dólares do Bank of America no último trimestre.

Outras posições importantes na carteira da Berkshire Hathaway, como Coca-Cola, Chevron e American Express, não foram afetadas por essa reviravolta em sua estratégia.

325.200 milhões prontos para investir

As recentes vendas de ações só aumentaram a enorme montanha de dinheiro que Warren Buffett vem acumulando desde antes do verão, somando um total de 325 bilhões de dólares em dinheiro pronto para ser reinvestido. 

Para colocar isso em contexto, com esse valor seria possível comprar empresas como Coca-Cola, Disney, Nike, Netflix ou Goldman Sachs.

A Berkshire Hathaway usou parte de todo esse dinheiro para recomprar ações da própria empresa, aumentando assim o valor de suas ações. No entanto, esse processo foi interrompido em junho, e nenhuma nova ordem de recompra foi emitida, nem para suas ações nem para quaisquer outras.

A fatura fiscal

De acordo com um relatório da consultoria fiscal Barron’s, Warren Buffett poderia pagar uma enorme fatura fiscal pela liquidação das ações da Apple. Essa fatura fiscal poderia aumentar os cálculos de 15 bilhões de dólares que já se esperavam após o verão.

"Barron’s estima que a Berkshire poderia dever mais de 20 bilhões de dólares em impostos pelas vendas de ações da Apple, que provavelmente representaram quase a totalidade dos 97 bilhões de dólares de lucros tributáveis pelas vendas de ações que a Berkshire gerou nos primeiros três trimestres de 2024", afirmou a consultoria. Esse valor foi calculado aplicando a taxa de imposto federal de até 21% e a taxa corporativa que pode chegar a 5% em Nebraska, onde a empresa de Buffett paga impostos.

Por que não investe?

É estranho que um investidor tão experiente como Buffett prefira pagar um imposto tão alto por não reinvestir o dinheiro obtido com a venda das ações. Nicholas Colas, cofundador da DataTrek Research, explicou à CNBC: "Buffett vê as ações como sobrevalorizadas, incluindo as suas, e, portanto, suscetíveis a uma correção profunda ou até a um mercado de baixas absoluto."

O especialista afirma que, atualmente, o índice S&P 500 está sendo negociado com um múltiplo preço-benefício de 21,5, um dos mais altos desde 2021, e a apenas 2,5% de seu pico histórico. 

Segundo Colas, isso pode indicar que o mercado está perto de uma correção significativa, o que resultaria em perdas milionárias para seus investidores. Em resumo, Warren Buffett olhou para o abismo dos mercados e não gostou do que viu no fundo.

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