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Motivo para Suécia acabar com programa de energia eólica é surpreendente e não tem a ver com energia

A Suécia entrou oficialmente na OTAN em março de 2024

Parques eólicos no litoral sueco
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

O Mar Báltico é um local ideal para captar energia eólica devido às fortes rajadas de vento que incidem ali — e já existem vários projetos nesse lugar estratégico. No entanto, o governo sueco não compartilha dessa visão e considera que essas usinas podem constituir um ponto fraco em sua estratégia militar.

O que aconteceu?

O Governo da Suécia cancelou a instalação de 13 projetos de parques eólicos marinhos no Mar Báltico. O motivo foi explicado pelo Ministro da Defesa, Pal Jonson, que alegou que a construção desses parques representaria riscos para a defesa do país e tornaria mais difícil detectar e derrubar mísseis usados pelas baterias Patriot em caso de conflito.

Em caso de conflito?

Em março de 2024, a Suécia entrou oficialmente na OTAN, encerrando assim uma era de décadas de neutralidade. O ministro da defesa explicou que os parques eólicos planejados seriam localizados ao norte das Ilhas Åland, ao longo de toda a costa leste até o estreito de Öresund. Essa localização está vinculada ao enclave estratégico da Suécia perto de Kaliningrado, um local chave para a Rússia.

A situação atual da Guerra da Ucrânia tem escalado, com Putin somando às suas fileiras 3.000 tropas norte-coreanas, segundo dados dos Estados Unidos.

O que diz a WindEurope

A WindEurope, associação europeia da indústria eólica, afirmou que o exército sueco vem bloqueando projetos de energia eólica offshore há anos. Diante dessa situação, ela acrescentou que o país poderia perder cerca de 47 bilhões de euros (R$ 295 bilhões) em investimentos privados.

Um parque eólico pode afetar na detecção e rastreamento de mísseis devido às dimensões de cada turbina. No entanto, a associação explicou, em nota à imprensa, que outros países do Mar Báltico adotaram uma abordagem colaborativa entre a indústria eólica e os interesses militares. Por exemplo, na Polônia, o desenvolvimento da energia eólica marinha é visto como uma oportunidade para melhorar as capacidades de vigilância militar, pois foram instalados sistemas de radar e sonar entre as turbinas.

Uma estratégia semelhante está sendo abordada pela WindEurope junto com a OTAN e a Agência Europeia de Defesa (EDA) com a criação de um novo projeto: Symbiosis. Nele, buscam implantar energias renováveis marinhas no espaço de defesa marítima e criar sinergias para abordá-los.

Atualmente, o governo sueco tem apostado na ampliação de sua capacidade nuclear, pretendendo contar com 2.500 megawatts adicionais dessa energia até 2035 e 10 novos reatores uma década depois. Por sua vez, a energia eólica terrestre representa 21% da geração elétrica, enquanto a hidroelétrica é 40%.

Imagem | Governo sueco

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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