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A extinção da banana parecia inevitável, mas agora não é tão certa: teremos uma nova variedade

Parece que existe vida além da variedade Cavendish — e ela está "amadurecendo" em laboratório

Sobrevivência da banana pode ter uma esperança
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

A banana, tal como a conhecemos, está em perigo de extinção. Produtores, comerciantes e pesquisadores há tempos tentam encontrar uma solução para evitar que essa iguaria se perca para sempre. Recentemente, trouxemos a história de que dois cientistas belgas poderiam ter boas notícias. Agora, de um laboratório nos Países Baixos, há prospectos ainda melhores.

Uma equipe de pesquisadores liderada por Gert Kema, da Wageningen University, desenvolveu o que chamaram de Yelloway One, uma nova variedade de banana resistente à fusariose tropical (TR4) e à sigatoka-negra, as duas grandes pragas que ameaçam a fruta. Ambas as doenças devastaram a indústria bananeira, em especial a variedade Cavendish, que domina o mercado mundial e é a "banana comum".

O problema da banana vem desde meados do século 20, quando a variedade mais consumida no mundo era a Gros Michel. Naquela época, tudo ia às mil maravilhas: um enorme mercado internacional em torno da banana e um futuro ainda mais próspero para agricultores, comerciantes e consumidores.

Mas tudo foi por água abaixo por culpa de um fungo. De repente, a doença de Panamá começou a devastar as plantações de Gros Michel e, em menos de dez anos, essa praga dizimou a variedade a tal ponto que hoje é praticamente impossível encontrá-la. Na verdade, só houve uma boa notícia: a Cavendish, uma banana que tinha muitas qualidades e, sobretudo, era extremamente resistente à doença. Atualmente, essa variedade representa mais de 95% das bananas consumidas no planeta.

A kriptonita da Cavendish

No entanto, embora essa variedade parecesse imune às pragas, no final não foi bem assim. Nos últimos anos, surgiram doenças que a afetam. Por exemplo, a sigatoka-negra, uma praga que "escurece as folhas, impossibilita a fotossíntese e reduz a produtividade das plantações em mais da metade". Além disso, essas pragas são muito difíceis de combater.

E há também um velho conhecido: o retorno da doença de Panamá. Mais precisamente, uma variedade do fungo (a Raça Tropical 4) que, desta vez, afeta a Cavendish. A TR4 já devastou as plantações do sudeste asiático e parece ser apenas uma questão de tempo até cruzar o Atlântico. Daí a pressa em encontrar uma solução na forma de outras variedades.

Yelloway One

É nisso que estão trabalhando dois pesquisadores na selva australiana, onde acredita-se que duas variedades silvestres (um pouco diferentes da banana que conhecemos hoje) possam ser a resposta. Agora, temos também uma aposta feita em laboratório: a Yelloway One foi criada por meio de técnicas convencionais de reprodução cruzada combinadas com análise genética moderna, o que acelerou o processo. Essas novas bananas, atualmente em fase de testes em estufas nos Países Baixos, serão cultivadas em áreas afetadas pelas pragas, como Filipinas e Indonésia, para avaliar seu desempenho em ambientes naturais.

Em entrevista, os cientistas disseram que utilizaram informações sobre resistência a doenças, cor, produtividade e outras características das bananas para montar sua nova variedade. "Podemos identificar os blocos necessários para recriar ou melhorar um tipo específico de banana", explicaram. Também estão usando análises genéticas para buscar parentes da Cavendish que possam ser cruzados com a Yelloway One.

Sustentabilidade agrícola

A Yelloway One é também o primeiro resultado da iniciativa Yelloway, cujo objetivo é criar um fluxo constante de variedades de bananas resistentes e geneticamente diversas. Isso não apenas ofereceria proteção contra doenças, mas, em teoria, também aumentaria a sustentabilidade dos cultivos, permitindo que os agricultores enfrentassem melhor as mudanças climáticas e doenças.

O projeto é especialmente significativo para pequenos agricultores na África, Ásia e América do Sul, pois espera-se que mais variedades resistentes sejam lançadas nos próximos anos, reduzindo a vulnerabilidade do setor bananeiro.

Trata-se de um projeto colaborativo entre as empresas Chiquita, KeyGene e MusaRadix e a Universidade de Wageningen, com o compromisso de compartilhar a tecnologia com outros produtores de bananas em todo o mundo, garantindo que todos os atores do setor possam se beneficiar. Tomara que isso se concretize, pois a introdução da Yelloway One promete não apenas salvar plantações, mas transformar a indústria bananeira global ao oferecer maior resiliência e diversidade.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha

Imagem | Domínio Público, Wilfredor


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