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Enquanto Japão debate como contornar a crise demográfica, homem tenta bater recorde do período Edo: ter 54 filhos

Ele se chama Ryuta Watanabe e já tem 10 filhos com suas quatro "esposas" (e duas namoradas).

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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Em um país que busca inúmeras alternativas para combater a crise demográfica e o envelhecimento da população, um homem tem chamado atenção ao ir contra a corrente e, de quebra, abrir alguns debates.

Seu nome: Ryuta Watanabe. Sua missão: se tornar o “deus do casamento”, superando o próprio Tokugawa Ienari, shogun do Período Edo.

Somos felizes

“Simplesmente amo as mulheres, então, antes que percebesse, me vi nessa situação. Os amantes de cães vão me entender. Se você cria um filhote, não quer criar outro? Eu gosto de mulheres e amo todas igualmente." Com essa declaração, Ryuta Watanabe se apresentou na televisão japonesa. Um excêntrico, um louco ou um reflexo dos novos tempos e da diversidade de novas fórmulas familiares? Ele afirma que não há nada de errado e que todos são felizes.

Dados de apresentação

Watanabe, japonês de 35 anos, residente em Sapporo, na ilha de Hokkaido, tem chamado a atenção da mídia e das redes de televisão do país por levar uma vida tão controversa quanto diferente. Ele tem quatro esposas e duas namoradas e ambiciona se tornar o que ele chama de “Deus do Casamento”.

Até o momento dessa matéria, Watanabe tem 10 filhos e vive com três de suas esposas e dois de seus filhos na mesma casa. Ele está desempregado há 10 anos e oficialmente vive dos salários de suas esposas e namoradas, que cobrem as despesas mensais da casa, que, segundo ele, chegam a 914.000 ienes (aproximadamente 6.000 dólares).

Mais de um grande amor

As esposas de Watanabe são consideradas “esposas de fato”, já que não estão legalmente casadas com ele, mas, como ele explica, o relacionamento se baseia na convivência a longo prazo e nas responsabilidades compartilhadas — uma forma de união informalmente reconhecida no Japão.

Watanabe, por sua vez, assume o papel de "dono de casa" (como ele mesmo se define), cuidando das tarefas domésticas e dos filhos.

Cada uma de suas esposas tem seu próprio quarto, e Watanabe mantém “relações rotativas” com elas, afirmando ter relações sexuais mais de 28 vezes por semana. Segundo ele, não há ciúmes entre as parceiras, que se dão bem e agem como amigas.

Mas... por quê?

Essa é a grande pergunta, leitor. Watanabe contou à mídia nacional que, há seis anos, vivia em estado de depressão e dependia de assistência social após sua namorada tê-lo abandonado. Esse evento, segundo ele, o motivou a mudar sua perspectiva de vida.

Foi então que ele começou a usar aplicativos de namoro para conhecer muitas mulheres. Desde então, manteve esse estilo de vida "poliamoroso", argumentando que, enquanto o amor entre ele e suas esposas for equilibrado, não haverá problemas em seu relacionamento.

Um grande desafio

Como mencionamos no início do texto, Watanabe tem uma meta clara: superar o recorde de 53 filhos de Tokugawa Ienari, um shogun japonês do período Edo, para alcançar um status histórico no Japão. Segundo ele, a marca de 54 filhos o colocaria nos livros de história e consolidaria seu papel idealizado como “Deus do Casamento”.

Talvez seja contra à lei?

Existe uma particularidade na história de Watanabe. Desde o período Meiji (1868-1912), quando muitas reformas foram introduzidas para modernizar o país, o casamento polígamo está proibido no Japão.

Antes disso, porém, a poligamia era uma prática comum entre as classes altas, incluindo a nobreza e os samurais, embora não fosse amplamente praticada pela população em geral.

Nessa época, essas relações eram principalmente poligínicas (um homem com várias esposas), com o objetivo de garantir descendentes e preservar as famílias. Diante disso, o plano de Watanabe não parece muito claro.

Um plano imperfeito

Como destacado, o estilo de vida de Watanabe se ajusta mais às brechas legais em torno de uniões não formalmente registradas.

Embora a poligamia seja ilegal, alguns casos de relacionamentos poliamorosos ou convivências como a de Watanabe — que mantém relações com várias mulheres sob acordos de "união de fato" — mostram que formas não convencionais de família podem existir no Japão.

No entanto, essas uniões não têm reconhecimento legal nem proteção jurídica em caso de conflitos.

É uma escolha que a lei não persegue, mas onde as pessoas que optam por esse tipo de relacionamento não podem formalizar múltiplos casamentos legais, já que o Japão reconhece apenas um casamento por vez entre duas pessoas.

Contra o padrão da sociedade

Seja como for, o debate que o estilo de vida de Watanabe gerou não poderia estar mais distante da realidade no Japão.

Como temos acompanhado há meses, a população envelheceu tanto que o país está fechando milhares de escolas e promovendo iniciativas inusitadas para (re)povoar áreas rurais que estão ficando vazias.

A história de Watanabe e sua busca por esse “recorde” é um capítulo torto e surreal em uma sociedade onde há um dado ainda mais preocupante do que o número de idosos que morrem sozinhos: o tempo que demoram para encontrá-los.

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