Se você der uma olhada no site do iPhone 16 e do iPhone 16 Pro em espanhol, provavelmente perceberá algo. Não há uma única menção ao Apple Intelligence. O recurso também não aparece na página dedicada ao iOS 18. É como se esse recurso não existisse — porque na Europa, efetivamente, não vai existir mesmo. E essa não será a única diferença entre os iPhone 16 da Europa e os do resto do mundo, embora seja a maior.
Nada de Apple Intelligence na Europa
As funções de IA da Apple não estarão disponíveis inicialmente nem na Espanha nem nos outros países da União Europeia. A empresa anunciou isso, inicialmente, nas notas da versão beta para desenvolvedores do iOS 18.1, onde se indicava que "O Apple Intelligence não está disponível atualmente na União Europeia e nem na China". Essa mensagem também aparece no comunicado que a empresa enviou à imprensa para anunciar a chegada do Apple Intelligence nos EUA, embora não sejam fornecidos mais detalhes.
A DMA como desculpa
A empresa explicou em junho que não ofereceria o Apple Intelligence na União Europeia "devido às incertezas regulatórias implicadas na Digital Markets Act (DMA)". Segundo os responsáveis da Apple, "tememos que os requisitos de interoperabilidade da DMA possam nos forçar a comprometer a integridade de nossos produtos de maneira a colocar em risco a privacidade dos usuários e a segurança dos dados". A empresa quer evitar possíveis conflitos com essa lei e não oferecerá nem o Apple Intelligence nem outras novas funções nos iPhones (veja mais abaixo).
A Apple teme que, ao exigir que seus sistemas sejam mais abertos para atender a DMA, tenha que expor dados sensíveis, o que poderia enfraquecer seus protocolos de segurança. O foco (teórico) da Apple na privacidade entra em conflito com esses requisitos, segundo a empresa.
Na mesma nota de imprensa, é indicado que "na UE, o Apple Intelligence estará disponível para o Mac". Ele estará em versão beta no macOS Sequoia 15.1 a partir de outubro "e novas funções serão adicionadas nos próximos meses". O requisito será ter um Mac com o chip M1 ou posterior, configurado com o idioma da Siri e do dispositivo em inglês dos EUA. Os Macs são uma plataforma mais aberta que, por exemplo, permite instalar software de outras fontes que não a App Store, o que atende à exigência da DMA de aumentar a interoperabilidade.
A Apple não é a única afetada: a DMA também é responsável pelo Microsoft Copilot não estar disponível no Windows 11 na União Europeia. Essa função, que já está disponível há meses no resto do mundo, continua sem chegar aos usuários da UE. A Microsoft também não quer arriscar e se expor a potenciais multas por violação da lei.
Outras funções que não chegam
Além de não poderem fazer uso do Apple Intelligence, os usuários dos iPhones da UE também não terão acesso à função de espelhamento (mirroring) dos iPhones em seus Macs, outra das características atrativas que foram anunciadas na WWDC. Também não terão acesso ao chamado SharePlay Screen Sharing para compartilhar a tela entre diferentes dispositivos de seu ecossistema.
E no futuro?
Para o futuro, por causa da tensão regulatória, não há nenhuma confirmação de uma possível chegada do Apple Intelligence aos iPhones. Para que essas opções fiquem disponíveis nos iPhones na UE, a Apple precisa ter certeza de que não entrem em conflito com a lei e, atualmente, a empresa está ciente de que o risco existe.
As últimas sentenças judiciais que, por exemplo, obrigaram a Apple a abrir seu ecossistema a aplicativos de terceiros, têm feito com que haja cada vez mais duas grandes versões dos iPhones: uma para a UE e outra para o resto do mundo. Chegar a um entendimento entre Apple e UE parece, por enquanto, complicado.
Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha
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