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Depois do "não" de Elon Musk à gigafábrica da Tesla, México tem um plano: fabricar o seu próprio carro elétrico barato e pequeno

  • Elon Musk afirma que não faz sentido abrir uma gigafábrica da Tesla no México se forem impostas tarifas quando os carros forem exportados para os Estados Unidos

  • Claudia Sheinbaum tem a solução clara: eles farão seu próprio carro elétrico, barato e compacto.

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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

O carro elétrico se tornou uma questão prioritária na geopolítica. Europa e Estados Unidos uniram forças para impor tarifas que limitem a entrada de carros elétricos chineses. Por outro lado, a China não pretende ficar de braços cruzados e já tem um plano para contornar essas tarifas: kits desmontáveis. Mas essa não é sua única carta na manga. O país também está de olho no México, que poderia ser usado como porta de entrada para os Estados Unidos.

Ainda não está claro se o México será alvo de tarifas dos Estados Unidos, algo que paralisou os planos da Tesla de construir uma gigafábrica no país. Porém, enquanto uma porta se fecha, outra se abre: o governo de Claudia Sheinbaum confirmou que pretende fabricar carros elétricos acessíveis no México. O problema é que isso não é tão simples.

Sem gigafábrica

Vamos por partes, já que o assunto é delicado. No início do ano passado, a Tesla anunciou planos para abrir uma nova gigafábrica no México. Inicialmente, parecia que o maior obstáculo entre o governo anterior de Andrés Manuel López Obrador e Elon Musk era o elevado consumo de água dessas plantas.

Dez meses após o anúncio, porém, nenhum tijolo foi colocado, mesmo com o projeto ainda listado entre as metas da Tesla. Talvez ele nunca saia do papel.

"Não faz sentido"

Há alguns meses, com Trump — a quem Musk apoia, apesar de terem visões diferentes sobre carros autônomos — afirmando que aplicaria tarifas aos produtos fabricados no México, os planos para uma gigafábrica em Nuevo León começaram a se tornar mais claros. Porém, não no sentido que o estado mexicano desejava.

Musk declarou que seria necessário aguardar o cenário pós-eleições, já que, se Trump vencer e as tarifas forem aplicadas, "não faria sentido investir muito no México". Isso significa que não haverá criação de empregos no país e que quem quiser comprar um Tesla terá que continuar importando, mantendo o preço pouco atrativo.

Então faremos o nosso próprio

Contudo, os concorrentes da Tesla já estão se movimentando. A BYD segue com seus planos para abrir uma fábrica no centro do México, enquanto mais carros elétricos chineses, como os da marca ARRA, estão chegando ao país. AMLO já comentou as declarações de Trump, alegando que eram apenas palavras e que não deveriam ser levadas a sério, mas a atual presidente está determinada ao afirmar que o México terá seus próprios carros elétricos acessíveis e com o selo Made in México.

Em declarações recentes, a presidente Sheinbaum comentou que, de qualquer forma, os carros da Tesla eram caros demais para o mercado mexicano, incluindo o Model 3, que custa cerca de 30 mil dólares. "A ideia é usar a criatividade das empresas e pesquisadores mexicanos para montar um carro elétrico compacto e acessível", explicou Sheinbaum, acrescentando que "o objetivo é criar cadeias produtivas para que este carro elétrico seja fabricado no nosso país".

Problemas sérios

No entanto, nem tudo é tão simples quanto parece. Para começar, é preciso considerar o custo de carregar uma bateria. Atualmente, existem subsídios para o consumo doméstico de eletricidade, mas eles se aplicam apenas a determinados níveis de consumo.

Ao ultrapassar esse limite — adequado para iluminação e eletrodomésticos —, a tarifa aumenta exponencialmente. Além disso, é importante notar que a rede elétrica não é suficientemente robusta em várias regiões do país.

Por outro lado, o México nacionalizou as minas de lítio no início do ano passado, e o desafio não era apenas extraí-lo, mas também o que fazer depois. O próprio López Obrador reconheceu que seria necessária a participação de investimentos privados para transformar o lítio em baterias, um processo de custo elevado que o Estado não pode arcar sozinho.

Sem baterias, o sonho de um carro elétrico acessível, produzido 100% no México, fica comprometido.

Muitas incertezas

Apesar da declaração de intenções, Sheinbaum ainda não mencionou um preço estimado de venda para o mercado mexicano. Além disso, esse carro elétrico precisará competir com os modelos vindos da China, alguns extremamente compactos e com preços em torno de 1.000 dólares (equivalente a algumas motocicletas).

Será interessante acompanhar como evoluem os planos do México para abrir uma fábrica de carros elétricos 100% nacionais. No entanto, o projeto enfrenta uma série de desafios que não serão fáceis de superar.

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