Milionário vive de cruzeiro em cruzeiro há 25 anos: seu maior problema não é dinheiro, mas equilíbrio

Ele perdeu suas "pernas em terra": é incapaz de caminhar em linha reta porque o vai e vem das ondas afetou seu equilíbrio

Viver de cruzeiro em cruzeiro tem seu preço, e não estamos falando do dinheiro / Imagem: Royal Caribbean
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Passar as férias a bordo de um cruzeiro é uma opção turística cada vez mais procurada, inclusive por viajantes de alto poder aquisitivo. No entanto, Mario Salcedo, um milionário que fez fortuna no setor financeiro, decidiu há 25 anos transformar seu dia a dia em férias. Desde então, tem embarcado continuamente em viagens de cruzeiro, transformando esses gigantes dos mares em sua casa.

No entanto, essa vida a bordo de alguns dos maiores navios de luxo teve um impacto: ele perdeu suas "pernas em terra" e já não consegue caminhar em linha reta quando chega ao porto.

Viver sempre de férias

O milionário de origem cubana contou ao The New York Times em 2019 que nunca teve interesse em formar uma família, por isso sua vida em terra firme se resumia apenas a trabalhar sem parar. Até que, um dia, decidiu deixar seu apartamento em Miami para embarcar em um cruzeiro.

A experiência o impactou tanto que, desde então, tem emendado um cruzeiro no outro e, agora, sua casa conta com vários decks, piscinas, pistas de dança e vizinhos passageiros com os quais socializa sempre que pode. Tendo se tornado um passageiro frequente da companhia Royal Caribbean, a tripulação já o conhece como Super Mario. "Eu não tiro férias. As pessoas vêm aqui para passar férias. Eu não, eu estou aqui para viver minha vida", explica o milionário.

A vida a bordo

O investidor milionário usa uma mesa reservada em um dos decks do cruzeiro, onde um letreiro escrito à mão traz o texto "Escritório do Super Mario". Obviamente, não se trata do personagem da Nintendo, mas sim do local onde Salcedo se senta todos os dias por algumas horas para trabalhar remotamente em seu laptop. Foi dessa forma que ele financiou os mais de 1.154 cruzeiros que já realizou em sua vida no mar.

O milionário afirma gastar entre 70.000 e 100.000 dólares (R$ 409 mil a R$ 584 mil) por ano em suas viagens. Em uma entrevista à revista Condé Nast, contou que sempre reserva um camarote interno sem varanda, pois "não faço nada no meu camarote além de tomar banho, me vestir e dormir", contou. O restante do dia ele passa em seu "escritório", socializando com outros viajantes ou dançando em uma das salas de baile do navio. Para evitar trocas constantes de cabine, Salcedo planeja tudo com antecedência, mantendo 150 reservas programadas e emendando uma viagem na outra.

O pior de viver em um cruzeiro é chegar ao porto

Poderia-se imaginar que o maior custo de viver em um cruzeiro seria o dinheiro. No entanto, para "Super Mario", o maior sacrifício é descer em terra firme. Após mais de 25 anos sendo embalado pelo vai e vem das ondas nos melhores cruzeiros, o milionário desenvolveu uma rara condição chamada Síndrome do Desembarque.

Esse é um transtorno incomum que afeta o sistema vestibular do ouvido, comprometendo o equilíbrio e dando uma sensação constante de movimento, mesmo quando a pessoa está parada em terra firme.

Esse distúrbio, popularmente conhecido como "pernas em terra", normalmente dura, no máximo, alguns dias. Mas, quando a vida é passada no mar e se fica apenas quinze dias por ano em terra, a condição se torna crônica. "Perdi minhas pernas terrestres. Me balanço tanto que não consigo caminhar em linha reta. Estou tão acostumado a estar em navios que me sinto mais confortável neles do que em terra", afirmou Salcedo na entrevista.

Nas poucas vezes em que ele desce, é quando atracam em Miami e ele vai verificar se está tudo em ordem em seu apartamento, ou quando precisa resolver questões bancárias ou consultas médicas. Fora isso, ele só desce para pegar um avião até seu próximo cruzeiro.

Felizmente, além do problema de equilíbrio ao pisar em terra firme, o milionário sexagenário tem boa saúde. Esse é um fator essencial para que "Super Mario" continue sua aventura em alto-mar, já que as companhias de cruzeiro proíbem que pessoas que necessitem de cuidados médicos constantes embarquem.

Imagem | Royal Caribbean

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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