Durante quase dois séculos, arqueólogos e historiadores acreditaram que um grupo de naufrágios no sul de Estocolmo, na Suécia, pertencia à era viking. Desde o século XIX, a teoria predominante era de que essas embarcações faziam parte de uma antiga frota nórdica de mais de mil anos. No entanto, uma pesquisa recente revelou que essa ideia estava completamente errada.
De acordo com um comunicado do Museu de Naufrágios de Vrak, um dos destroços, conhecido como Wreck 65, é na verdade o barco de carvela mais antigo já encontrado na região nórdica. Construído entre 1460 e 1480, o achado representa um avanço significativo para a compreensão da história da construção naval na Escandinávia.
Um naufrágio medieval que desafia as teorias anteriores
Segundo a Archaeology Magazine Online, arqueólogos marítimos determinaram que o Wreck 65 é uma embarcação com aproximadamente 35 metros de comprimento e 10 metros de largura. O que mais chama atenção é sua técnica de construção: ao contrário do tradicional estilo “clínquer viking”, no qual as tábuas de madeira se sobrepõem, este navio foi montado pelo método carvela, em que as tábuas são fixadas lado a lado, formando um casco liso.
Håkan Altrock, curador do Museu de Naufrágios de Vrak e diretor do projeto, destacou a importância dessa descoberta:
"Este navio representa um elo fascinante entre a construção naval medieval e a moderna. Ele tem o potencial de nos oferecer novas perspectivas sobre um período crucial da história marítima da Suécia."

Uma descoberta que mudou a história da tecnologia naval
A descoberta desse navio transformou completamente a compreensão sobre o desenvolvimento da tecnologia naval no norte da Europa. De acordo com a Illustrered Videnskab, a técnica de construção carvela, originada no Mediterrâneo no século VII, permitia a fabricação de embarcações maiores e mais resistentes, adaptadas para suportar o peso de canhões – um elemento essencial na guerra naval do século XV.
Por que se acreditava que era um navio viking?
O equívoco histórico surgiu devido ao formato dos destroços e à falta de tecnologia no século XIX para datá-los com precisão. Segundo o comunicado, os cinco naufrágios de Landfjärden, onde está localizado o Wreck 65, foram descobertos há mais de dois séculos e, na época, acreditava-se que pertenciam à era viking.
No entanto, apenas no ano passado, os arqueólogos do Museu de Naufrágios de Vrak conseguiram datar com precisão três dos maiores naufrágios, revelando que pertencem, na verdade, aos séculos XVII e XVIII.

Wreck 65: o mais antigo e significativo do grupo
Entre os naufrágios descobertos, o Wreck 65 se destacou como o mais antigo e historicamente relevante. Os pesquisadores conseguiram determinar sua idade por meio de uma análise dendrocronológica da madeira, realizada em parceria com especialistas da Universidade de Lund.
Os resultados indicaram que a madeira utilizada na construção do navio veio de Möre, na região de Kalmar, ou de Blekinge Oriental, no sul da Suécia – uma descoberta que coincide com registros históricos da construção naval da época.
Reconstrução digital em 3D
Para preservar o local do naufrágio, o Museu de Naufragios de Vrak utilizou técnicas avançadas de fotogrametria, criando um modelo digital em 3D do Wreck 65. Essa tecnologia permite que pesquisadores estudem sua estrutura e detalhes sem a necessidade de remoção física dos destroços.
Você pode visualizar o modelo 3D clicando aqui.

Planos para uma escavação mais detalhada
Os arqueólogos anunciaram que planejam solicitar financiamento externo para realizar uma escavação mais aprofundada do navio.
De acordo com o comunicado do Museu de Naufrágios de Vrak, o principal objetivo da pesquisa é compreender melhor a transição entre as embarcações medievais e as modernas, um processo essencial na evolução da navegação no norte da Europa.
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