Milhares de espécies animais perdidas. Algumas dessas espécies são dadas como extintas, enquanto outras permanecem em uma espécie de limbo evolutivo, um "não sabe/não responde". De vez em quando, uma dessas espécies ressurge, sendo redescoberta por exploradores. É o caso de um dos mamíferos mais estranhos conhecidos.
60 anos no limbo
Um grupo de exploradores redescobriu a espécie conhecida como zagloso de Sir David (Zaglossus attenboroughi), também chamada de equidna de focinho longo de Attenborough ou das Montanhas Ciclopes. Este animal, com tantos nomes (dois deles em homenagem ao naturalista David Attenborough), foi registrado pelas câmeras da expedição nos bosques da província de Papua, na Indonésia.
Sinais prévios
Os especialistas já tinham indícios de que a espécie, embora ameaçada, não havia sido completamente extinta. Especificamente, eles encontraram buracos escavados pelo focinho do animal. Esses mamíferos possuem focinhos alongados como bicos e são cobertos por espinhos, semelhantes aos de ouriços e porcos-espinhos.
Agora, os biólogos possuem evidências concretas da sobrevivência dessa espécie pela primeira vez em 62 anos. O último exemplar conhecido está preservado em um museu nos Países Baixos, e foi graças a esse espécime que o zagloso de Sir David foi classificado como uma espécie própria.
Os zaglosos
O zagloso de Sir David é um mamífero da família dos equidnas, da qual apenas quatro espécies são conhecidas, sendo três delas zaglosos. Estima-se que essas espécies surgiram há cerca de 200 milhões de anos, entre o Triássico e o Jurássico.
Os parentes mais próximos dessa família de mamíferos são os ornitorrincos, com os quais compartilham a ordem dos monotremados e algumas de suas características mais peculiares, como a capacidade de pôr ovos e a presença de uma cloaca (daí o nome "monotremados", que pode ser traduzido como “um buraco”). A distribuição dos monotremados é bastante restrita, com habitat natural limitado à Austrália e outras regiões da Australásia.
O novo avistamento ocorreu na província indonésia de Papua, no noroeste da ilha de Nova Guiné.
A expedição oxfordiana
O redescobrimento foi liderado no verão de 2023 por pesquisadores da Universidade de Oxford, com a colaboração de grupos locais e ONGs. A expedição tinha como objetivo explorar uma área de mais de 200 quilômetros quadrados na região dos montes Cíclopes, uma área selvagem localizada a cerca de 2.000 metros acima do nível do mar, com amplas zonas ainda inexploradas.
Avistado nos acréscimos
A equipe de 25 pessoas quase não conseguiu encontrar o esquivo animal. Segundo James Kempton, em entrevista à rede britânica BBC, o redescobrimento aconteceu nos últimos momentos.
O registro foi possível graças a uma das câmeras-trap instaladas no local, mas, como relatou Kempton, os pesquisadores precisaram verificar "até o último cartão SD" para encontrar as imagens do animal.
A expedição, que durou cerca de dois meses, não apenas redescobriu essa espécie, mas também revelou várias novas espécies de insetos, duas rãs e um crustáceo.
Em perigo crítico
Como era de se esperar, o zagloso de Sir David é classificado como uma espécie em perigo crítico de extinção na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Embora o redescobrimento não altere esse status, a equipe responsável espera que o achado ajude a aumentar a conscientização sobre a conservação desta e de outras espécies em situação semelhante.
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