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Sony e Honda já haviam antecipado que novo carro seria "um pouco caro", mas será que 90 mil dólares se encaixam nessa definição?

Afeela 1 terá preço inicial de 89.900 euros (aprox. R$ 474.470,00), enquanto a versão de lançamento ultrapassará os 100 mil euros (aprox. R$ 528 mil) em 2026

Sony e a Honda estão apostando em uma linha semelhante à da Tesla: design simples por fora, mas repleto de tecnologia por dentro

Sony e Honda - Inteligência Artificial
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Nos últimos anos, todo mês de janeiro, a Sony e a Honda trazem alguma novidade diretamente de Nevada. As notícias giram em torno da Afeela, uma marca de carros elétricos criada pelas duas empresas no formato de startup, com o objetivo de competir no segmento de carros com design simples, mas carregados de tecnologia.

Depois de alguns teasers, o CES 2023 marcou a apresentação oficial do carro. Ambas as empresas confirmaram que o essencial do Vision S-01, como era conhecido o primeiro protótipo, estava concluído. O carro foi batizado como Afeela 1, e a grande notícia foi a confirmação de seu lançamento em 2026.

Na ocasião, ficou claro que o carro seguiria a linha que a Tesla tem adotado em seus modelos nos últimos anos. O conceito é de um sedã com design simples, focado em melhorar o desempenho aerodinâmico, combinado com uma carga tecnológica impressionante.

As telas do Afeela 1 cobrirão toda a largura do painel, e o carro contará com 40 sensores de diferentes tipos para garantir o funcionamento eficiente de seus sistemas de assistência à condução, que terão autonomia de nível 2+.

Isso significa que o carro poderá circular com controle de cruzeiro adaptativo e mudar de faixa sozinho, mas sempre exigirá a atenção do motorista, que deve estar pronto para intervir.

Em outras palavras, o Afeela 1 oferecerá os mesmos sistemas de assistência à condução que a Tesla atualmente disponibiliza com o FSD, mas não alcançará o nível da Mercedes, que, em determinadas condições de tráfego, pode operar com autonomia total, sem a necessidade de o motorista prestar atenção à estrada.

Carros do futuro - FOTO: Sony Honda Mobility
Carros do futuro - FOTO: Sony Honda Mobility

Disseram que não seria barato

Mais ou menos, todas essas informações já eram conhecidas quando, poucos dias após a divulgação dos detalhes do Afeela 1, Yasuhide Mizuno, presidente e CEO da Sony Honda Mobility, afirmou que o carro não seria especialmente barato.

Sua intenção, afirmou Mizuno, era lançar um carro no mercado que pudesse ser utilizado por uma década. "Substituir o carro a cada três ou cinco anos é uma metodologia muito tradicional. Aqui está a grande mudança. Este carro estará sempre sendo atualizado e, por isso, poderá permanecer com os clientes por cinco ou até 10 anos", destacou Mizuno.

Em um mercado como o espanhol, onde a idade média da frota de veículos ultrapassa os 13 anos, essas palavras não passaram despercebidas.

No entanto, é importante considerar que Mizuno estava se referindo ao mercado de carros de luxo nos Estados Unidos, onde os contratos de aluguel temporário estão se tornando cada vez mais comuns. Essa tendência também é visível na Europa, especialmente no segmento de carros de luxo.

A Sony e a Honda apresentaram uma proposta com um carro que, nas palavras de Mizuno, seria "um pouco caro".

A vantagem de pagar mais, segundo ele, é que o veículo estaria sempre atualizado, com seu verdadeiro valor concentrado no software e não tanto no hardware. Em outras palavras, segue a linha da Tesla: um carro simples, no qual o mais importante está nos chips e em todo o seu ecossistema.

Agora sabemos que a promessa será cumprida. O Afeela 1 terá preço inicial de 89.900 dólares (~R$ 449.500,00), com uma versão topo de linha custando 102.900 dólares (~R$ 514.500,00). Como anunciado em 2023, o carro já pode ser reservado a partir de hoje, com um sinal de 200 dólares (~R$ 1.000,00).

A versão mais cara inclui um sistema de infoentretenimento exclusivo para os assentos traseiros, rodas maiores (chegando a 21 polegadas) e uma câmera para monitorar o que acontece nos bancos traseiros.

Carros do futuro - FOTO: Sony Honda Mobility

Para nos convencer, a Sony e a Honda confirmaram que o sistema do Afeela 1 contará com um assistente de voz, prometendo ser um dos grandes atrativos do carro, com uma comunicação "proativa". Para isso, a ECU (Unidade de Controle Eletrônico) terá capacidade de processamento de até 800 TOPS, utilizando inteligência artificial para aprimorar o planejamento de viagens. Além disso, a entrada de carregamento será compatível com o padrão Tesla.

Os chips serão fornecidos pela Qualcomm, enquanto a Epic Games usará o Unreal Engine para criar mapas e animações 3D.

O interior também terá um sistema de áudio espacial de 360 graus. Sobre a autonomia, a Sony e a Honda ainda não divulgaram o tamanho da bateria, mas estimam que o carro alcance cerca de 480 quilômetros (300 milhas).

Um lançamento cheio de dúvidas

O lançamento do carro começará pela versão mais cara, que deve estar disponível no Japão no ano que vem. Já a versão de 89.900 dólares (~R$ 449.500,00) será lançada apenas em 2027.

Além disso, Honda e Sony não detalharam os planos de distribuição do modelo para os próximos anos. Por enquanto, segundo o The Verge, as reservas nos Estados Unidos estarão limitadas à Califórnia.

É importante destacar que a Honda atravessa um momento decisivo em seu plano de futuro. A empresa busca, de alguma forma, se integrar à Nissan, na tentativa de superar as dificuldades financeiras pelas quais está passando.

Ao mesmo tempo, a evolução dos carros elétricos nos Estados Unidos está sob questionamento, com a chegada de Donald Trump à Casa Branca e sua ameaça de retirar os subsídios para a compra desse tipo de tecnologia.

Embora essa medida não afete diretamente o Afeela 1, que opera no segmento de luxo, ela pode ter um impacto indireto.

Se houver menos carros elétricos no mercado, será difícil expandir uma rede de recarga que, atualmente, é limitada e pouco densa, o que pode afastar potenciais compradores no futuro.

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