O fato de um país ser rico resulta em melhores serviços e oportunidades para seus cidadãos. No entanto, tão importante quanto a riqueza de um país é a forma como essa riqueza é distribuída entre a população, pois isso define o nível de desigualdade entre os mais ricos e aqueles com menos recursos econômicos.
Uma das ferramentas utilizadas para medir essa desigualdade é o coeficiente de Gini. Esse índice avalia a concentração de renda dentro de um determinado grupo populacional ao longo de um período específico (geralmente, um país em um ano).
A riqueza e sua distribuição
Quanto mais próximo de zero for o coeficiente de Gini de um país, menor será a diferença de riqueza entre os mais ricos e os mais pobres. Isso significa que mais pessoas têm acesso a recursos econômicos suficientes para viver com dignidade.
Por outro lado, quanto maior for o índice de Gini, maior será a diferença econômica entre a população mais pobre e os ultrarricos do país. Esse cenário indica uma grande desigualdade, concentrando a maior parte da riqueza nacional nas mãos de poucos, o que leva a um empobrecimento generalizado e a piores condições de vida para a população como um todo.
O relatório Global Wealth Report 2024, elaborado pelo UBS, analisou o índice de Gini de diversos países ao redor do mundo, considerando sua evolução histórica. Esses dados oferecem um panorama sobre como a distribuição da riqueza tem mudado ao longo do tempo.
O portal VisualCapitalist.com criou um gráfico explicativo com os dados do relatório do UBS, facilitando a visualização das mudanças na distribuição da riqueza em diferentes países desde 2008.

Um mundo mais desigual desde 2008
O gráfico do VisualCapitalist.com compara o Índice de Gini registrado em 2008 com o valor de 2024. Com base nesses dados, Singapura aparece como o país onde a desigualdade mais cresceu.
Em 2008, o índice de Gini do país era de 57, mas em 2023 já havia subido para 70. Com um aumento de 23%, essa pequena nação do Sudeste Asiático se tornou uma das mais desiguais do mundo.
Desde 2008, Singapura tem adotado políticas para atrair investidores, o que levou a um crescimento significativo no número de milionários.
Como consequência, o custo de vida aumentou, tornando mais difícil para as classes baixa e média arcar com despesas básicas, ampliando ainda mais a disparidade econômica entre elas e a crescente elite milionária.
Finlândia e Espanha aparecem na segunda e terceira posição do ranking, empatadas com um aumento de 21% na desigualdade. No caso da Finlândia, o índice de Gini passou de 53 em 2008 para 64 em 2023. Já na Espanha, o valor subiu de 47 para 57 no mesmo período.
Essa tendência pode ser explicada pelos dados do próprio relatório, que mostram que, na Espanha, a riqueza do 1% mais rico da população cresceu, enquanto o patrimônio do restante caiu 7% desde 2008. Além disso, estima-se que, até 2028, o número de milionários no país aumente em 12%.
Apesar disso, os níveis de desigualdade na Espanha ainda se mantêm dentro de patamares controlados, semelhantes aos registrados em 2023 em países como Alemanha, Itália e Áustria.
Se olharmos para o extremo oposto, a Arábia Saudita foi o país que mais reduziu seu índice de desigualdade. Em 2008, o Índice de Gini do país era de 89, mas caiu para 77 em 2023, representando uma redução de 13% na desigualdade da distribuição de riqueza. Um movimento semelhante foi registrado nos Emirados Árabes Unidos, onde o índice passou de 88 para 77 no mesmo período.
Em outras palavras, em 2008, a riqueza nesses países do Oriente Médio estava altamente concentrada nas famílias reais que governam esses territórios, enquanto o restante da população possuía um patrimônio muito inferior e atuava basicamente como mão de obra.
No entanto, com a mudança de políticas para incentivar investimentos estrangeiros e atrair novos residentes milionários, o número de pessoas ricas nesses países cresceu.
Como resultado, a estatística sobre desigualdade ficou mais equilibrada – não porque a distribuição de renda tenha melhorado para os mais pobres, mas porque os recém-chegados também são milionários.
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