Já há muitas décadas, os cientistas discutem se as dietas veganas e ovolactovegetarianas têm efeito real na perda de peso e na prevenção de doenças cardíacas. Ainda não há conclusões definitivas. Os indícios a favor vêm se acumulando, é verdade, mas faltava um nexo comum, um fio que conecte toda essa evidência científica e dê sentido a ela.
Agora, uma equipe de médicos do Hospital Qilu, da Universidade de Shandong, na China, acredita ter encontrado esse fio.
Em busca da evidência perdida
Pesquisando bibliografia pré-existente, os pesquisadores chineses encontraram 24 estudos que, somados, acompanharam mais de 2 mil pessoas. Eram ensaios clínicos randomizados, portanto, confiáveis. Esse levantamento levou a uma conclusão: comer vegetais crus é um hábito que está fortemente associado a menores riscos de obesidade e de problemas cardíacos.
Essa hipótese se mostrou verdadeira mesmo quando, nos estudos, se eliminava da equação o efeito dos fatores genéticos. "A dieta vegetariana é uma opção viável para pessoas que desejam controlar seu peso corporal e [prevenir] doenças metabólicas", afirmam os pesquisadores no estudo publicado na revista científica Frontiers.
Em sua publicação, os pesquisadores levantam algumas ideias sobre o que explicaria essa correlação: desde o alto conteúdo de fitoesteróis e gorduras insaturadas nos vegetais crus até seu papel na redução da inflamação e do estresse oxidativo. No entanto, a ligação ainda não está muito clara. E achar esse elo tem sido, historicamente, um dos grandes problemas ao estabelecer uma relação clara entre perda de peso e veganismo.
Entretanto, com os dados que têm sido obtidos em estudos, parece que a ideia de aumentar progressivamente a proporção de vegetais (e vegetais crus) na dieta parece ser uma estratégia positiva para quem deseja perder peso. Mais do que se acreditava até agora.
O problema da obesidade
A obesidade está se tornando a grande epidemia do século 21. Há no mundo 1,9 bilhão de pessoas com sobrepeso e cerca de 600 milhões de pessoas com obesidade, índices que estão aumentando. Como escrevem o pesquisador médico Yani Xu e sua equipe na pesquisa, "a obesidade e suas complicações associadas não só levam a um aumento da morbidade e da mortalidade, mas também a uma redução da qualidade de vida".
É verdade que a chegada do Ozempic e de outros novos medicamentos para perda de peso mudou radicalmente nossa forma de ver o sobrepeso: como diz o articulista Antonio Ortiz, esses medicamentos estão nos ajudando a entender que o metabolismo e o apetite são fatos biológicos, não escolhas morais.
No entanto, os medicamentos estão muito longe de serem a solução para todos os nossos problemas. Não apenas porque se tratam de medicamentos muito caros (e a obesidade mostra uma clara correlação com maiores taxas de pobreza e precariedade econômica), mas também porque não são substitutos de hábitos mais saudáveis e equilibrados.
Esse texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha
Imagem | Elena Mozhvilo
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