Atravessar os oceanos ainda hoje é uma missão que assusta muita gente. A aventura já acontece há alguns séculos para humanos, especialmente a partir da era das colonizações iniciadas no século 13, mas para alguns animais ela começou muito antes. É o caso das iguanas.
Há dezenas de milhares de anos, iguanas começaram a flutuar no mar e, a partir do Estados Unidos, atravessaram as águas do Oceano Pacífico e foram parar mm ilhas da Melanésia, Micronésia e Polinésia, no Pacífico Sul.
A descoberta
A revelação foi divulgada em 17 de março, na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Segundo os pesquisadores, cerca de 34 milhões de anos atrás, um grupo de iguanas saiu numa jornada épica e viajou por mais de 8 mil km da costa oeste dos Estados Unidos até Fiji. Os biólogos sugerem que essa pode sera a maior viagem por oceano registrada por espécies que vivem em terra firma.
Hoje, todas as iguanas conhecidas são encontradas nas Américas, com exceção de uma: as iguanas de Fiji (Brachylophus). A origem dos quatro grupos que hoje vivem no país eram um mistério para os pesquisadores. Uma vez que os principais parentes das iguanas estava a milhares de quilômetros, separadas pelo oceano, não se sabia como as espécies poderiam ter ido parar no Pacífico Sul.
Principais teorias
Até hoje, pesquisadores trabalhavam com duas principais hipóteses para a viagem das iguanas, segundo o biólogo evolucionário Simon Scarpetta, da Universidade de São Francisco: ou as criaturas utilizaram vegetação como embarcações, ou eram descendentes de um ancestral comum que migrou de uma distância menor na Ásia ou Austrália.
Agora, Scarpetta e seus companehiros de pesquisa encontraram novos detalhes sobre o processo. O estudo contou com a observação e mais de 200 espécies de iguanas e lagartos próximos. Assim, descobriram que as iguanas de Fiji são mais próximas às encontradas nos desertos do México e do sudeste dos Estados Unidos (Dipsosaurus dorsalis).
Combinando os resultados genéticos com dados de localização das espécies, os estudiosos acreditam que as iguanas encontradas no Pacífico Sul chegaram ao local a partir de grandes blocos de vegetação que permitiram a naveação entre os continentes.
A travessia
O time de Scarpetta acredita que os lagartos do deserto norte-americano começaram a jornada de migração entre 31 e 34 milhões de anos atrás, provocando a divisão entre os gêneros Brachylophus e Dipsosaurus. Tudo isso em uma jornada de mais de 8 mil quilômetros sobre o mar. A distância é a maior registrada entre animais que vivem na terra.
Apesar disso, membros do grupo de pesquisa destacam que não necessariamente as iguanas fizeram todo o trajeto sem interrupções. Segundo Rayna Bell, bióloga da Academia de Ciências da Califórnia, explica que outras ilhas podem ter servido como pontos de parada no caminho, mas desapareceram desde então.
A alimentação na viagem também pode ter sido um desafio, mas acredita-se que as iguanas, herbívoras, conseguiam se alimentar a partir da vegetação nas ilhas em movimento que as levavam para o outro lado do planeta. Além disso, algums espécies são capazes de sobreviver sem alimentação por muito tempo.
Imagens | BioDiversity4All
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