A Estação Espacial Internacional é, como o nome indica, um projeto internacional. Um dos projetos internacionais mais importantes e monumentais da história, fruto da colaboração entre múltiplos países. Agora, um empresário quer acelerar seu fim.
Em um mundo ideal, um empresário sozinho não poderia desfazer o que vários países construíram. Muito menos se a razão for priorizar a conquista de Marte, para a qual será necessário o novo foguete desse empresário. Mas este não é um empresário qualquer. Ele é o mais rico do mundo e tem poder e influência política suficientes para nos fazer levar a sério o que diz.
A nova ideia de Elon Musk
"É hora de começar os preparativos para desorbitar a Estação Espacial Internacional", escreveu Elon Musk em seu perfil no X (antigo Twitter) em fevereiro. "Ela cumpriu seu propósito. Sua utilidade incremental é muito pequena. Vamos para Marte".
Quando desativá-la exatamente? "A decisão depende do presidente, mas minha recomendação é que seja feito o mais rápido possível", disse o empresário. "Recomendo que seja feito dentro de dois anos". Ou seja, em 2027, três anos antes da data acordada pelos parceiros da ISS.
Um fim acelerado
Aos 25 anos, a Estação Espacial Internacional mostra sinais de envelhecimento. Os investimentos em manutenção têm aumentado. A fadiga estrutural começa a ser uma preocupação. O risco de impacto com a sujeira espacial não para de crescer.
O plano acordado pelos parceiros da EEI era manter a estação operando até 2030 e depois rebocá-la com uma nave especial para um local seguro (presumivelmente o Oceano Pacífico) para sua reentrada atmosférica. A NASA contratou a SpaceX para desenvolver esse veículo antes de 2030.
No futuro, com sorte, haverá outras estações espaciais comerciais na órbita baixa terrestre. Mas, para um prazo tão apertado como 2027, o ano proposto por Musk, isso interromperia a presença contínua de norte-americanos no espaço. E, com ela, também a de europeus, japoneses, canadenses... O espaço continuaria habitado, mas apenas por astronautas chineses.
Pode Trump aposentar a EEI antes do tempo?
Essa é a grande questão. A Estação Espacial Internacional envolve cinco agências espaciais: a NASA (Estados Unidos), Roscosmos (Rússia), a Agência Espacial Europeia (Europa), a JAXA (Japão) e a CSA (Canadá).
O Canadá opera o braço robótico Canadarm, a Europa o braço robótico ERA e o laboratório Columbus. Mas, de maneira geral, a EEI se compõe de dois segmentos principais, que são dos Estados Unidos e da Rússia. Da mesma forma que a Rússia estava ameaçando desacoplar a sua parte e sair antes de 2030, Donald Trump poderia propor o mesmo.
Custa imaginar um cenário em que os parceiros europeus, japoneses e canadenses da NASA estivessem de acordo com esse fim abrupto. O que aconteceria, por exemplo, com os astronautas europeus que iam voar para a EEI antes de 2030, como o espanhol Pablo Álvarez? Seria necessário mudar muitos planos.
As declarações de Musk, é claro, poderiam ter sido feitas no calor do momento. Ele as publicou poucas horas depois de rebater contra o antigo comandante da Estação Espacial Internacional, Andreas Mogensen, que o havia chamado de mentiroso por algumas declarações feitas à Fox News.
Musk e Trump vêm circulando a narrativa de que os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams foram abandonados no espaço pelo ex-presidente Biden após o fiasco da nave Starliner da Boeing. Na realidade, a NASA havia planejado o retorno de ambos durante a administração Biden: reservando dois assentos vazios na missão Crew-9, que voltará à Terra no final de março (uma nave exclusiva para eles teria custado dezenas de milhões de dólares).
Quando Mogensen apontou isso em seu perfil no X, Musk respondeu: "Você é um completo retardado mental. A SpaceX poderia tê-los trazido de volta há vários meses. Ofereci isso diretamente à administração Biden e eles se recusaram. O retorno deles foi adiado por razões políticas. Estúpido."
Imagem | Elon Musk, NASA
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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