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O Japão deu um passo para se tornar independente da China em terras raras: um depósito de 230 milhões de toneladas

Japao
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

É sabido que a China enfrenta inúmeros conflitos com os Estados Unidos. Seja por veto a tecnologias, tarifas, ataques hackers ou proibição de venda de materiais, as tensões não param. Grande parte dessas situações pode ser atribuída ao fato de o gigante asiático ser uma superpotência em terras raras, o que lhe permite desenvolver tecnologias. Agora, outro país quer seguir seus passos: o Japão.

Desde o início, sua missão já se apresenta como uma tarefa titânica: minerar um depósito de 230 milhões de toneladas. O problema? Ele está localizado no fundo do mar.

Primeiro, um fator deve ser levado em consideração. O nome "terras raras" não se deve ao fato de serem minerais difíceis de encontrar, mas à forma como estão distribuídos ao redor do planeta. Além disso, há as complexidades associadas à extração e ao processamento, é claro.

Esses elementos são cruciais para inúmeras indústrias modernas, como a fabricação de motores de veículos elétricos, imãs, fibras ópticas, dispositivos médicos e até mesmo celulares. Daí o monopólio chinês gerar tensões geopolíticas.

A entrada do Japão no jogo começou em dezembro de 2022, quando as autoridades locais voltaram sua atenção para uma área perto da ilha Minami-Torishima, um atol localizado cerca de 1,9 mil quilômetros ao sudeste de Tóquio. Embora inicialmente fosse estimado que a área contivesse cerca de 16 milhões de toneladas desses metais valiosos, a descoberta pode ser muito maior.

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Foi em junho que a Fundação Nippon e a Universidade de Tóquio confirmaram que a área ao redor da ilha Minami-Torishima contém uma estimativa de 230 milhões de toneladas de recursos. Ao longo de seus 10 mil quilômetros quadrados, estima-se que haja 610 mil toneladas de cobalto e 740 mil toneladas de níquel.

Esses metais são essenciais para diversas indústrias: o cobalto é usado em baterias, turbinas, motores de aeronaves e equipamentos eletrônicos, enquanto o níquel é fundamental na fabricação de aço inoxidável, baterias e componentes para aeronaves. Se a extração total for viável, essas reservas abastecerão o Japão por 75 e 11 anos, respectivamente.

O desafio está no fato de que a extração desses metais não será fácil, já que o fundo do mar onde eles se encontram está a profundidades entre 5,2 mil e 5,7 mil metros. Além disso, será essencial realizar uma análise minuciosa para avaliar o impacto ambiental que esse processo gerará.

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Após a conclusão desses estudos e planejamentos, espera-se iniciar a exploração da área em 2025 com um teste prático de três anos, durante o qual se espera colher milhares de toneladas de manganês por dia e atingir 3 milhões de toneladas por ano. Se o projeto se provar viável, ele será transferido para o setor privado.

Com essa façanha, o Japão aspira tornar-se uma nação rica em recursos. Um dos principais incentivos para a operação é reduzir sua forte dependência da China, que atualmente é seu principal fornecedor de materiais essenciais obtidos por meio do processamento de terras raras.

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