No fim de janeiro, surgiram duas notícias que indicavam que tudo o que envolve os cortes e danos de cabos submarinos no Báltico está longe de acabar. Após uma investigação realizada pelos Estados Unidos, surgiram especulações de que os casos nos últimos meses não seriam devido à sabotagem russa, mas sim à inexperiência e deterioração. Horas depois, o Reino Unido voltou a focar na Rússia após detectar um barco em suas águas pela segunda vez. A Suécia também.
Um cabo Suécia–Letônia
Parece que um novo cabo de dados submarinos, agora entre a Suécia e a Letônia, foi danificado no final de janeiro, marcando o quarto incidente recente no mar Báltico e gerando preocupação na OTAN sobre a vulnerabilidade das infraestruturas críticas.
A primeira-ministra da Letônia, Evika Siliņa, classificou o dano como significativo e provavelmente “causado por uma força externa”, o que levou à abertura de uma investigação criminal. Incidentes anteriores foram ligados a barcos russos e chineses.
Investigação em andamento e medidas
O Financial Times informou que as autoridades da Letônia já têm um suspeito. Elas enviaram um barco de patrulha para inspecionar uma embarcação próxima ao cabo no momento do dano, enquanto outros dois barcos também estão sendo monitorados.
O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, confirmou o dano a pelo menos um cabo e afirmou que a Suécia está colaborando de perto com a Letônia e a OTAN para esclarecer o incidente. Em resposta a esses ataques às infraestruturas críticas, a OTAN despachou drones, submarinos, barcos e aviões na região em uma operação batizada de "Baltic Sentry", que tem como objetivo detectar e prevenir possíveis tentativas de sabotagem. O Reino Unido colocou seus caças-submarinos P-8 Poseidon.
A situação, por não ser inédita, leva as nações afetadas a pensar que há algo mais. Os incidentes recentes no Báltico reacenderam as suspeitas sobre possíveis atos de sabotagem por parte de embarcações russas e chinesas. A Finlândia recentemente apreendeu um petroleiro da chamada "frota sombra" da Rússia, composta por barcos antigos registrados em jurisdições remotas, como as Ilhas Cook, que evitam sanções internacionais. A ministra das Relações Exteriores da Finlândia, Elina Valtonen, declarou que é improvável que os danos sejam acidentais, embora tenha evitado apontar diretamente para a Rússia.
Não foi só isso
Em incidentes anteriores, um navio chinês, o Newnew Polar Bear, danificou um gasoduto entre a Finlândia e a Estônia ao arrastar sua âncora, enquanto o cargueiro chinês Yi Peng 3 cruzou sobre dois cabos de dados na mesma região em novembro. Posteriormente, permaneceu um mês em águas internacionais entre a Dinamarca e a Suécia, onde foi abordado por investigadores chineses, embora o acesso aos inspetores suecos tenha sido negado, gerando críticas por parte de Estocolmo.
O novo incidente ocorre em um contexto de alta tensão, já que Estônia, Letônia e Lituânia se preparam para se desconectar em fevereiro da rede elétrica soviética herdada e se juntar ao sistema continental europeu, um passo-chave para sua integração total ao Ocidente. Os três países, membros da OTAN e da UE, consideram essa transição como sua última desvinculação da influência russa, o que gerou temores de possíveis tentativas de sabotagem para dificultar o processo.
A esse respeito, o ministro da Defesa da Lituânia, Kęstutis Budrys, pediu uma revisão das normas de navegação no Báltico, especialmente no que diz respeito ao uso de âncoras, destacando o mais óbvio: o alto número de incidentes recentes reduz a possibilidade de que sejam acidentes.
Reparações e medidas de contingência
Diferentemente dos gasodutos e linhas elétricas, cuja reparação pode levar meses, os cabos de fibra óptica danificados no Báltico geralmente são restaurados em semanas. O Centro Estatal de Rádio e Televisão da Letônia assegurou que já encontrou rotas alternativas para manter as comunicações em funcionamento.
Seja como for, a reincidência desses eventos (este é o quarto no Báltico em tão pouco tempo) representa um desafio estratégico significativo para a região, algo que intensifica sua cooperação com a OTAN para fortalecer a proteção de suas infraestruturas críticas. De fato, a organização deixou claro que qualquer nova ação de sabotagem será enfrentada com medidas mais firmes para garantir a proteção das comunicações e do fornecimento energético na região.
Imagem | NATO
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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