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Amazon tinha tudo para conectar seus servidores a usina nuclear; reguladores tinham outros planos

  • O gigantesco centro de dados da Amazon Web Services está localizado ao lado da usina nuclear de Susquehanna, na Pensilvânia.

  • A Amazon adquiriu da Talen Energy um fornecimento direto de energia nuclear, com uma interconexão de 960 MW.

Amazon tinha tudo para conectar seus servidores a usina nuclear; reguladores tinham outros planos -  Imagem: Imagen | Talen Energy
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

A Amazon comprou um enorme centro de dados em uma pequena cidade na Pensilvânia por um motivo estratégico: ele estava ao lado de uma usina nuclear. O que a empresa não esperava era que os reguladores bloqueassem seus planos de conectar os servidores diretamente ao reator.

Contexto

O consumo de energia das grandes empresas de tecnologia disparou com o crescimento da inteligência artificial generativa. Para garantir o fornecimento elétrico de seus centros de dados sem comprometer os compromissos de neutralidade de carbono, gigantes como a Amazon estão investindo em energia nuclear.

No entanto, as regulamentações locais e os desafios ambientais têm frustrado parte desses planos.

O novo centro de dados da Amazon

Em março, a Amazon adquiriu um centro de dados com 485 hectares da Talen Energy, a empresa que opera a usina nuclear de Susquehanna, na Pensilvânia. O investimento de 650 milhões de dólares incluía um benefício interessante: conexão direta à planta de 2,5 GW.

O compromisso da Amazon com a Talen

O compromisso da Amazon com a Talen era garantir uma capacidade de 960 MW para os novos servidores da Amazon Web Services. A usina nuclear forneceria aumentos de potência de 120 MW a preço fixo durante os primeiros 10 anos.

A negativa dos reguladores

No dia 1º de novembro, a Comissão Federal Reguladora de Energia (FERC) votou contra o acordo de interconexão que permitiria à Amazon conectar-se diretamente à usina de Susquehanna. Com um voto a favor e dois contra, a proposta foi rejeitada porque o centro de dados consumiria uma parte significativa da energia gerada pela usina nuclear.

A FERC, uma agência que regula a transmissão de eletricidade, gás natural e petróleo nos Estados Unidos, temia que outros clientes da rede elétrica pudessem sofrer apagões ou flutuações no fornecimento, além de aumentos nas tarifas de energia, caso o centro de dados da Amazon desviasse grande parte da energia gerada pelos dois reatores da planta.

O único voto a favor

O presidente da FERC, Willie Phillips, que votou a favor da Amazon, afirmou que negar o acordo seria "um retrocesso para a confiabilidade elétrica e a segurança nacional", pois os centros de dados que impulsionam a IA "precisam de eletricidade confiável", como a fornecida pela energia nuclear.

Ao contrário das fontes renováveis, como a energia eólica e solar, a energia nuclear oferece um fornecimento estável e também livre de emissões de carbono, mas com todos os desafios ambientais e de segurança associados à gestão de resíduos radioativos.

Aposta total nos SMR

Embora a energia de fissão tradicional se recuse a desaparecer (a Microsoft acaba de fechar um acordo para reabrir a usina nuclear de Three Mile Island, fechada em 2019), as grandes empresas de tecnologia estão apostando ainda mais no desenvolvimento de novos reatores modulares compactos (SMR, na sigla em inglês).

Os SMR são mais seguros e eficientes, pois incorporam sistemas de refrigeração passiva, e podem ser transportados em módulos para serem montados em locais diferentes dos de fabricação.

A própria Amazon assinou três acordos distintos para desenvolver e construir reatores SMR. A Microsoft, o Google e o Meta também estão nessa jornada, já que precisam cada vez mais de energia para treinar seus modelos de IA.

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