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Nem Ferrari nem Bugatti: Marrocos criou um hipercarro e seu rei guardou as duas únicas unidades em sua garagem

  • O rei do Marrocos adicionou à sua coleção as duas unidades do exclusivo Laraki Sahara.

  • Trata-se de um hipercarro fabricado no país, com 1.550 cv e um design futurista.

Marrocos com seu hipercarro. Imagem: Laraki, Tim Dobbelaere, Ron Raffety
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Os multimilionários compartilham um prazer em comum: possuir uma grande coleção de carros. Alguns também gostam de velocidade a ponto de, quando perdem a carteira de motorista, se darem ao luxo de construir seu próprio Nürburgring particular. Certos superesportivos são obscenamente caros porque suas unidades são extremamente limitadas, e um dos apaixonados por essas máquinas é o rei do Marrocos.

Sua mais recente aquisição veio em dobro: as duas únicas e impressionantes unidades do Laraki Sahara existentes no mundo. Um hipercarro com design digno de ficção científica e, além de tudo, "made in Marrocos".

Sahara, o hipercarro marroquino

O empresário Abdesslam Laraki fundou sua empresa homônima em 1999 e, desde então, tem se dedicado ao design de iates e superesportivos. Ao longo dos anos, a Laraki lançou diversos modelos, sendo sua mais recente criação o novo capricho de Mohammed VI. O Laraki Sahara é um hipercarro, como a própria marca define em seu site – e basta olhar não apenas para seu design, mas também para seu interior, para entender o porquê.

O modelo entrega 1.550 cv de potência, acelera de 0 a 100 km/h em apenas 3,5 segundos e atinge uma velocidade máxima de 310 km/h, tudo isso graças a um motor V8 de sete litros da Chevrolet. O preço? Dois milhões de euros. E só existem duas unidades. Ambas pertencem a Mohammed VI.

Um carro digno de um videogame!

Fulgura: o começo do sonho

Além do Laraki Sahara, vale a pena conhecer a história da própria marca. Quando a Laraki foi fundada em 1999, o sonho de Abdesslam Laraki e Abdeslam Laraki (pai e filho, com nomes quase idênticos) era construir o primeiro superesportivo africano. Recursos não faltavam, e em 2002, no Salão de Genebra, eles apresentaram ao mundo dois protótipos do Laraki Fulgura.

Apenas um deles era funcional e, sob uma carroceria de fibra de carbono, escondia nada menos que um Lamborghini Diablo de 1991. A versão final chegou em 2005, com um design bastante modificado e uma produção extremamente limitada: apenas 99 unidades.

O Fulgura era um verdadeiro “monstro de Frankenstein” automotivo, com motor da Mercedes, interior do Diablo, exterior inspirado no Ferrari F430 e peças espalhadas de Audi e Mercedes. Mas, no fim das contas, ele funcionava – e deixou sua marca na história dos superesportivos.

Artesãos com visão

O Fulgura não foi um sucesso comercial, assim como o Borac, o segundo modelo da marca. No entanto, foi com o Borac que a Laraki começou a mostrar sua verdadeira ambição. O modelo trazia motor dianteiro e, ao contrário do Fulgura, não se baseava no design de outro fabricante – era um projeto 100% próprio.

Ainda assim, o motor era de outra montadora: um V12 da Mercedes-Benz. Com um time técnico liderado por Peter Tutzer – que já havia trabalhado para Bugatti e Pagani –, a Laraki começou a se consolidar como uma fabricante de superesportivos norte-africanos, onde o único componente estrangeiro seria o motor.

Antes do Sahara, a Laraki lançou outro modelo impressionante: o Epidóme. Apenas nove unidades foram produzidas, cada uma custando dois milhões de euros. Equipado com um motor V8 de um Chevrolet Corvette, o carro podia atingir incríveis 1.750 cv de potência, graças ao uso de gasolina de 110 octanas.

O Borac O Borac

Peças dignas de museu

Celebridades e milionários são o público-alvo desses superesportivos – e nada além disso. As duas unidades do Laraki Sahara são um exemplo claro disso: apesar de possuírem capacidades impressionantes na teoria, nunca foram realmente testadas em condições reais de rua. E o mais provável é que nunca veremos um rodando por aí. Esses carros são verdadeiras obras de arte, projetadas mais para serem admiradas em feiras automotivas do que para acelerar em estradas.

MAYA: a filosofia da Laraki

A Laraki segue o conceito "Most Advanced Yet Acceptable" (O Mais Avançado, Mas Ainda Aceitável) ao projetar seus carros. Além dos modelos já mencionados, a empresa também desenvolve veículos sob medida para clientes seletos, criando carros ainda mais exclusivos para coleções particulares.

Mas aqui vem a reviravolta: a Laraki não se limita a hipercarros. A empresa também projeta veículos para transporte urbano, como táxis e ônibus elétricos, além de carros compactos.

Outra grande fonte de receita da marca vem de setores como construção naval e arquitetura, com projetos voltados para design de iates e construção de edifícios exclusivos.

O conceito para um carro mais... pronto para as ruas O conceito para um carro mais... pronto para as ruas

Marrocos como potência automobilística

Além de abrigar uma fabricante de hipercarros, Marrocos está se posicionando como um concorrente forte na indústria dos veículos elétricos. Com os recentes tarifas sobre os carros elétricos chineses e os acordos comerciais com a Europa, o país tem se tornado um destino estratégico para montadoras.

Graças à sua localização geográfica privilegiada, empresas chinesas estão investindo em fábricas de montagem no território marroquino, buscando uma maneira de driblar os impostos de importação e fortalecer sua presença no mercado europeu.

A aposta no hidrogênio

Além das montadoras estrangeiras, as próprias empresas marroquinas também estão buscando um lugar de destaque no futuro dos veículos de baixa emissão. A grande aposta? O hidrogênio, uma tecnologia que, de tempos em tempos, volta ao radar das grandes montadoras.

Marrocos já deu o primeiro passo para consolidar sua indústria automotiva sustentável. Agora, resta saber se essa iniciativa irá além dos superesportivos de exibição e realmente transformará o país em um polo competitivo no setor.

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