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A França tem milhares de quilômetros de trilhos de trem não utilizados; então, está cobrindo-os com painéis solares

A França teve uma ideia para aproveitar os quilômetros não utilizados de sua linha ferroviária: enchê-los com painéis solares

Imagens | SNCF, AREP
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Os painéis solares e as turbinas eólicas nos colocaram diante de uma decisão complicada: estética ou geração de eletricidade? Além do impacto nos seres vivos do ambiente em que esses projetos de energia renovável são instalados, é inegável que eles têm um enorme impacto visual. É por isso que novos painéis solares transparentes para janelas ou escondê-los em estradas parecem uma ótima ideia.

Na Suíça, eles desenvolveram um projeto para colocar painéis solares em trilhos de trem, e agora a França copiou a ideia.

Painéis invisíveis

Sob o nome de 'Projeto Solveig', a operadora ferroviária francesa SNCF desenvolveu, por meio de sua subsidiária AREP, um projeto para criar uma usina solar que pode ser implantada nos trilhos controlados pela empresa. Eles operam cerca de 32 mil quilômetros de linhas, então, se o projeto for bem-sucedido, o potencial é enorme.

A ideia é simples, mas engenhosa: aproveitar os trilhos para instalar painéis solares, enquanto baterias e inversores são armazenados em contêineres modulares. Por enquanto, Solveig é um projeto piloto que começou com a instalação de oito painéis solares no centro técnico de Achères, onde serão testados por seis meses.

Instalações

Com uma solução de armazenamento como contêineres, que incluem inversores e baterias, é possível para a empresa transportar esses ativos até onde forem necessários. Também facilita a instalação. Como o Diretor de Inovação da AREP contou à PV Magazine, o desenvolvimento de um sistema de transporte de painéis fotovoltaicos utilizando contêineres ISO, assim como sua instalação nos trilhos, "facilita tanto a implantação dos painéis quanto a reversibilidade da instalação".

A operação não exige uma instalação complexa, já que um braço mecânico é responsável por descarregar os painéis, que depois são fixados nos trilhos para evitar que o vento os mova. E, por ser temporário alto, não requer fundações. Além disso, os contêineres são modulares e a infraestrutura ferroviária não fica comprometida.

Autoconsumo

A ideia é que essa solução solar alimente as necessidades de consumo interno da SNFC, assim como os usos locais nas proximidades das instalações. O potencial é gigantesco, mas, embora a AREP acredite que é possível exportar essa solução tanto para a Europa quanto para o resto do mundo, é preciso esperar para ver os resultados do projeto piloto.

Além disso, a ideia seria implementar esse sistema em linhas ferroviárias fora de serviço, tudo para adicionar energia à rede operada pela SNCF, já que 80% dos trens nacionais da rede funcionam com eletricidade. Além disso, ela tem o compromisso de implantar 1.000 MW até 2030, e encher as estradas com painéis seria um bom impulso.

Próximos passos

Os próximos passos do Projeto Solveig se concentrarão em melhorar a eficiência do sistema e reduzir custos para torná-lo viável em larga escala. Embora ainda não haja um cronograma definido para sua industrialização, o potencial é claro: a SNCF tem mais de 113.800 hectares de terras operacionais que podem ser convertidas em verdadeiros parques solares sobre trilhos.

Em suma, se o projeto for bem-sucedido, é apenas uma questão de tempo até que mais países embarquem nesse novo "trem" de energia renovável. E, falando da Suíça, eles estão muito comprometidos em não danificar seus campos verdes e, além dos painéis nos trilhos do trem, também os estão instalando em muros de estradas.

Imagens | SNCF, AREP

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