Tendências do dia

Preço do petróleo não está subindo como o esperado por um motivo simples: China

O petróleo estava subindo de preço, atingindo um pico de quase 81,15 dólares o barril de Brent, mas a falta de incentivos fiscais por parte da China frustrou o mercado

Imagem: Unsplash
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

A volatilidade do petróleo não é algo novo, com oscilações notórias como a crise dos anos 70 e a queda de preços em 2014. Os operadores se acostumaram a lidar com variáveis imprevisíveis, como desastres naturais e tensões geopolíticas. No entanto, um ator que costumava ser estável agora vem trazendo uma sensação de incerteza: a China.

O preço do petróleo estava em queda no primeiro semestre de 2024, mas, a partir de 30 de setembro, começou a se recuperar, chegando a um pico de 81,15 dólares o barril de petróleo Brent (“Brent” é uma classificação de petróleo cru). No entanto, no começo de outubro, o preço voltou a cair diante da falta de estímulos adicionais por parte da China.

O que aconteceu com a China?

O mercado internacional aguardava, no dia 8 de outubro, o anúncio da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (CNRD) da China. Esperava-se que o CNRD, que é o principal órgão de planejamento chinês, fosse anunciar mais estímulos fiscais no país, o que aumentaria as chances de negócios por ali para as multinacionais. Para o mercado de petróleo, o contexto estava especialmente delicado, pois os EUA têm aumentado suas Reservas Estratégicas de Petróleo  por causa dos conflitos no Oriente Médio e a Rússia vem investindo forte em aumentar sua produção (mesmo com as sanções ocidentais).

Contudo, o anúncio da CNRD se concentrou em delinear a direção das políticas gerais do governo em termos econômicos dentro do país, sem oferecer detalhes específicos sobre políticas fiscais. No entanto, foram antecipadas medidas para incentivar empresas estrangeiras a investir no país.

Essas medidas geraram decepção nos mercados, segundo os analistas. Além disso, segundo a empresa de análise XTB, a queda das ações da bolsa de Hong Kong, com uma baixa de 9,4%, reflete a frustração diante da falta de detalhes sobre estímulos adicionais. Por sua vez, Xangai teve aumento de 4,6%, mas sem especificações fiscais. De forma geral, o câmbio do petróleo caiu 5% devido às dúvidas sobre a demanda chinesa e à tensão no Oriente Médio.

Mas por que isso é tão importante?

Os estímulos econômicos são cruciais para aumentar a demanda por energia. No caso específico da China, geralmente são uma série de medidas econômicas que geram alta atividade na economia. No entanto, as medidas tomadas pela CNRD sugerem uma recuperação econômica mais lenta do que o habitual. Essa situação faz com que a falta de estímulos gere a expectativa de uma demanda mais fraca por petróleo, o que empurra os preços para baixo.

Como foram os pacotes anteriores na China?

Os pacotes econômicos da China tiveram um impacto significativo no mercado energético global. As medidas implementadas em 2008 e 2015 estabeleceram grandes investimentos em infraestrutura e expansões de crédito, que ajudaram a estabilizar os preços do petróleo. Esses estímulos aumentaram a demanda por matérias-primas, já que eram necessárias grandes quantidades de energia para alimentar a máquina econômica do país.

A situação agora

O preço do petróleo disparou porque tudo indicava para um conflito entre Israel e Irã e o possível fechamento do Estreito de Ormuz. No entanto, o preço começou a cair pela falta de estímulos adicionais na economia chinesa e pelo fato de que o furacão Milton não afetou as áreas petrolíferas do Golfo do México, já que sua trajetória se afastou das refinarias. Além disso, o aumento na produção de petróleo na Líbia ajuda a acalmar a situação no mercado energético.

Imagem | Unsplash

Inicio