No final de outubro, a OTAN confirmou o deslocamento de tropas norte-coreanas para Kursk, na Rússia, por meio de seu secretário-geral, Mark Rutte. O executivo qualificou esse deslocamento como uma "escalada significativa" da participação de Pyongyang no conflito e pediu tanto à Coreia do Norte quanto a Moscou que retirassem as tropas imediatamente. No tabuleiro de xadrez do confronto, a Rússia decidiu ativar parte de seu arsenal nuclear, enquanto a Ucrânia parece estar se movendo "entre as linhas".
Demonstração de poder
Recentemente, o presidente Vladimir Putin supervisionou um exercício nuclear na Rússia. Durante o exercício, mísseis balísticos foram lançados da península de Kamchatka e de navios no Ártico, assim como mísseis de cruzeiro de aviões de longo alcance, embora não tenham sido fornecidos detalhes sobre os resultados. No entanto, o Ministério da Defesa russo afirmou que todos os mísseis atingiram seus objetivos, quaisquer que fossem.
Essa exibição de poder ocorre em um momento extremamente delicado do conflito, com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky buscando mais apoio de seus aliados, enquanto pede, quase implorando, para ser autorizado a usar mísseis de longo alcance para atacar pontos estratégicos na Rússia, uma solicitação que até agora não foi atendida, pelo menos de forma oficial.
As "provas" nucleares
O fato é que a Rússia realizou múltiplos testes de mísseis balísticos nos últimos anos, especialmente no contexto de sua expansão militar e da guerra na Ucrânia. Esses testes incluem o lançamento de mísseis balísticos intercontinentais, como o míssil Sarmat, que foi promovido como uma "superarma" capaz de burlar as defesas de outras nações.
Desde a invasão da Ucrânia em 2022, as demonstrações de poder nuclear e os testes de mísseis têm sido uma tática utilizada para dissuadir outros países de intervir no conflito e como uma demonstração de sua força militar.
Promessas de modernização nuclear
Como relata o New York Times, Putin reafirmou o compromisso de manter as forças nucleares da nação em um "nível adequado" de preparação, sem se envolver em uma nova corrida armamentista. Com foco na defesa própria, o presidente afirmou que recursos serão investidos em uma nova geração de submarinos, bombardeiros de longo alcance e lançadores de mísseis móveis com armamento nuclear, o que, segundo Putin, garantirá a segurança do país diante de ameaças externas.
Mensagens internas e dissuasão
O fato é que, desde a invasão à Ucrânia, o presidente russo tem enfatizado seu foco em armas de destruição em massa, em parte para reforçar a moral interna, dado o desempenho das tropas russas no conflito, mas também, e muito importante, como um aviso ao Ocidente para não aumentar seu apoio à Ucrânia.
Para o Kremlin, a entrega de armas avançadas à Ucrânia representa o risco de um confronto direto com a Rússia; no entanto, a Ucrânia considera essas advertências como simples ameaças, lembrando que o lado russo não respondeu com força a entregas anteriores de armas ocidentais que, na época, foram consideradas "tabu".
A "campanha" ucraniana
Mas a guerra continua. Enquanto as tropas norte-coreanas decidem se entram ou não no conflito, o Business Insider relata que a Ucrânia lançou uma campanha para incitar as tropas norte-coreanas na Rússia a desertar. Como? Em troca de garantir-lhes abrigo e alimentos, utilizando sua plataforma de rendição "I Want to Live" no Telegram, onde os contatos falam sobre garantir “uma vida segura e bem alimentada em alojamentos confortáveis”.
Em um vídeo dirigido às tropas norte-coreanas, a Ucrânia mostra imagens de seus campos de prisioneiros de guerra, destacando o tratamento humano e as condições de vida dignas que os desertores russos recebem, com refeições regulares e camas confortáveis. O vídeo é acompanhado por um número de telefone e um código QR, facilitando o contato para aqueles que buscam desertar.
Contexto geopolítico e apoios aliados
A iniciativa ucraniana parece tentar aproveitar o possível descontentamento de alguns soldados e enfraquecer o apoio estrangeiro às forças russas no meio do conflito. Em qualquer caso, esses movimentos parecem sugerir uma ideia: a campanha da Ucrânia sublinha uma maior dependência da Rússia, pelo menos em aparência, de aliados como a Coreia do Norte para suprir suas fileiras e recursos no conflito.
Dito isso, e como já mencionamos, não parece que será nada fácil para as tropas norte-coreanas desertarem em massa.
Imagem | Roman Harak, kremlin.ru
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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