Você já ouviu falar no termo “agrivoltaico”? Em resumo, trata-se da combinação de lavouras e painéis fotovoltaicos no mesmo espaço, otimizando o uso da terra. Essa tecnologia está ganhando espaço como a grande promessa para a união entre campo e energia renovável. O que a gente não sabia era que ela também poderia ajudar a deixar o vinho mais gostoso.
A Svolta, uma vinícola da região italiana de Puglia, descobriu que integrar sistemas agrivoltaicos aos vinhedos traz diversos benefícios à lavoura, como mitigar alguns dos efeitos das mudanças climáticas, atrasar a maturação das uvas e melhorar a qualidade do vinho. Além disso, o sistema permitiu que a vinícola cultivasse variedades de uvas que não são típicas da região. E tudo isso sem mencionar os benefícios econômicos e ambientais de produzir energia solar no mesmo terreno onde as videiras são cultivadas.
Uma enorme instalação agrivoltaica
O projeto se chama Vigna Agrivoltaica di Comunità e conta com 7.770 painéis solares de película fina de dupla junção. Juntos, eles somam uma potência de saída de 970 kW.
Os painéis solares estão orientados para o sul em um ângulo de 28 graus. Eles repousam sobre uma estrutura de concreto inspirada na típica pérgola dos vinhedos italianos. As videiras crescem abaixo, protegidas do vento e das ondas de calor.
O segredo está na sombra
A sombra projetada pelos painéis solares tem atrasado a colheita da La Svolta em três a quatro semanas em comparação com os vinhedos ao redor, tanto para a uva branca quanto para a uva tinta. Em 2024, a Vigna Agrivoltaica di Comunità realizou a colheita no final de agosto, enquanto, em outras áreas, isso ocorreu semanas antes.
Como o sistema afeta a qualidade do vinho? A menor exposição ao Sol retarda a acumulação de açúcares nas uvas, melhorando o equilíbrio entre o teor alcoólico e a acidez durante a fermentação. Segundo a La Svolta, isso permite a produção de vinhos de alta qualidade sem necessidade de intervenções corretivas.
O sistema agrivoltaico também melhorou o estresse hídrico das plantas, protegeu as uvas de excessos meteorológicos e reduziu a velocidade do vento pela metade em comparação ao campo aberto. A vinícola realizou estudos técnicos que mostram uma redução do consumo de água para irrigação de até 20% e um aumento da produtividade da terra entre 20% e 60%.
O experimento vai continuar. A La Svolta plantou mais de 30 variedades de videira, principalmente naturais de Puglia, na expectativa de descobrir novas surpresas em 2025. A vinícola planeja produzir vinhos espumantes com uvas brancas, para as quais acredita que o sistema agrivoltaico será particularmente benéfico.
Esse texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha
Imagem | Vigna Agrivoltaica di Comunità
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