Produção de vinho não caiu nos últimos anos, mas o número de pessoas que bebem, sim

As novas gerações não seguiram os passos dos "baby boomers", que até agora eram grandes responsáveis pelo consumo em nível global.

Novas gerações diminuíram o consumo de álcool e isso pode afetar a indústria de vinho | Imagem: Denis Sousa
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Além do debate sobre se "uma taça de vinho por dia faz bem à saúde" é verdade ou não, algo está acontecendo com o setor. A produção segue estável, mas as garrafas estão ficando nas adegas porque não há quem as consuma.

Consumimos menos vinho

Segundo dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV, na sigla em francês), em 2023 o consumo global de vinho foi de 221 milhões de hectolitros. Isso representa uma queda considerável em comparação a 2017, quando o consumo atingiu 247 milhões de hectolitros no mundo.

Gráfico de evolução do consumo de vinho

Queda significativa

Como aponta o Axios, isso equivale a 3,5 bilhões de garrafas de vinho a menos vendidas em todo o mundo. A queda, conforme mostrado no gráfico da OIV, fez com que o consumo ficasse abaixo dos níveis de quase 25 anos atrás.

Mas não tanto na Espanha

Essa queda global não se reflete na Espanha, onde o consumo parece ter se recuperado, de acordo com o Observatório Espanhol do Mercado do Vinho (OeMv). Em julho de 2024, houve um crescimento acumulado de 2,2% no consumo, um aumento modesto, mas que compensa ligeiramente a tendência global. O consumo espanhol se mantém relativamente estável: em 2020 foi de 10,3 milhões de hectolitros, e em 2024 a previsão é de 9,76 milhões de hectolitros.

As novas gerações não estão tão interessadas

Mike Veseth, analista e responsável pelo The Wine Economist, explicou que, pelo menos nos Estados Unidos, a geração que tradicionalmente mais consumiu vinho foi a dos Baby Boomers, nascidos entre 1946 e 1964. Agora, essa geração está comprando menos vinho, "e não está sendo substituída por gerações mais jovens".

O álcool já não é tão popular

Já em 2019 falava-se do movimento Sober Curious, que transformou a abstinência de álcool em uma tendência. Ficar sóbrio virou moda, e no Reino Unido surgiram campanhas como o "Dry January", incentivando as pessoas a não beberem álcool durante todo o mês de janeiro. Essas iniciativas acabaram se espalhando para outros países europeus, e em lugares como Canadá ou República Tcheca foram substituídas pelo "Dry February".

E o vinho é caro

Outro possível fator para a queda no consumo é o impacto da inflação no setor vinícola. O preço do vinho aumentou, e, segundo Veseth, isso pode ter levado as pessoas a substituí-lo por bebidas mais baratas, sejam elas alcoólicas ou não.

Medidas extremas

Segundo alguns especialistas, o vinho espanhol está em uma situação complicada, e começam a surgir propostas impensáveis: arrancar milhares de hectares de vinhedos, algo que já ocorreu com outros cultivos, como laranjais, amendoais e oliveiras.

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