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"Quiet Ambition": Gen Z redefiniu o sucesso no trabalho e já não quer promoções se sua saúde mental está em jogo

"Ambição silenciosa" é a nova tendência profissional da geração que prioriza o bem-estar pessoal em vez do sucesso profissional. Os dados indicam que os jovens preferem se manter em seus cargos, sem buscar promoções, a fim de preservar o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, além de continuar investindo na própria formação.

Gen Z Preza Mais Pelo Seu Bem Estar Do Que Pelo Avanco Da Carreira
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Na maioria dos casos, promoções e ascensão a cargos de liderança são vistas como uma recompensa pelo bom desempenho. No entanto, esse sistema nem sempre é o mais adequado para o bom funcionamento das empresas.

No entanto, uma promoção geralmente vem acompanhada de mais responsabilidades, mais trabalho e, consequentemente, mais estresse. Esse é um preço que a geração Z não está disposta a pagar: a "Quiet ambition" ou ambição silenciosa é a mais recente evidência da mudança nas dinâmicas de trabalho que essa geração está trazendo ao ingressar no mercado de trabalho.

A "Quiet ambition" redefine o que é sucesso

A ambição silenciosa é uma nova tendência que está se espalhando entre os membros da geração Z e outros jovens trabalhadores. Essa filosofia de vida foca em priorizar a saúde mental, o tempo livre e o bem-estar pessoal, em vez de buscar ascensão profissional, cargos de poder e jornadas de trabalho extensas.

Essa mudança de prioridades altera o significado do conceito de sucesso profissional que as gerações anteriores valorizavam, nas quais a ascensão na hierarquia corporativa era o principal objetivo.

Uma pesquisa realizada pela plataforma Visier com 1.000 funcionários nos EUA, em 2023, mostrou que 38% dos entrevistados não têm interesse em assumir cargos de liderança ou coordenação de equipes, e 62% preferem se manter em suas funções atuais.

Aversão ao estresse

Os dados do estudo da Visier revelam que 91% dos entrevistados atribuem a falta de interesse em subir na hierarquia corporativa ao aumento de estresse, pressão e horas de trabalho.

O relatório Workmonitor 2024 da Randstad indica que 51% dos funcionários entrevistados estão dispostos a permanecer em um cargo que os motive, enquanto 60% afirmam que a vida pessoal é mais importante do que a vida profissional. Além disso, 57% consideraram a conciliação entre vida pessoal e trabalho ao avaliar uma mudança de função dentro da empresa.

Como apontado pelo The Wall Street Journal, essa nova postura da geração Z surge como resposta à dedicação extrema ao trabalho das gerações anteriores, que resultou no aumento de casos de esgotamento profissional, ou síndrome de burnout.

Um desafio para as empresas

A ambição de evoluir na carreira sempre foi a “cenoura” usada pelas empresas para manter o compromisso e reter talentos. Sem esse incentivo, as empresas enfrentam um grande desafio de retenção de talento e falta de engajamento em suas equipes.

Dados da OCDE indicam que a permanência média nos empregos na Espanha era de 10,6 anos em 2022. O Relatório Employer Brand da Randstad revela que 13% dos jovens mudaram de emprego nos últimos seis meses, e 28% planejam fazê-lo antes do fim do ano.

Em entrevista ao El Español, María Carmen De la Calle Durán, especialista em Recursos Humanos, explicou que a troca geracional trouxe uma mudança de valores, onde a lealdade às empresas diminuiu, já que os funcionários percebem que as empresas são menos leais a eles. "Quando um empregado se compromete e se envolve com a empresa, espera o mesmo em retorno, e é por isso que a retenção de talentos está se tornando um grande desafio para as empresas atualmente", observou a especialista.

O sucesso profissional mudou

A percepção do trabalho em si mudou para a geração Z, que não o vê mais apenas como uma forma de ganhar a vida, mas o relaciona com uma maneira de melhorar a sociedade.

O relatório Unlocking Organizational Success Report 2024 da consultoria Intoo revela que 84% dos funcionários da geração Z valorizam mais a formação e o desenvolvimento de suas habilidades do que uma promoção. Além disso, 8 em cada 10 afirmam se sentir mais motivados e comprometidos com a empresa devido ao crescimento de suas competências, mais do que por ascensões.

Uma pesquisa da Infojobs de 2023 apontou que trabalhar em um projeto que os motive ou que evite seu estancamento passou a ser o terceiro motivo mais importante para os jovens mudarem de emprego.

Como apontou a psicóloga María Felisa Latorre Navarro em um artigo do El Español, "A pesquisa afirma que eles se movem por motivadores intrínsecos. Ou seja, são motivados pelos trabalhos que gostam de realizar, não pelo salário ou pela possível estabilidade, mas pelas funções que desempenham em si mesmas".

Imagen | Unsplash (Redd F)

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