Nove meses no mercado foram suficientes para provar que Lei Jun não estava errado ao apostar nos carros elétricos. A Xiaomi anunciou o Xiaomi SU7 em dezembro de 2023. Em abril de 2024, começaram as primeiras entregas. Em dezembro, a empresa já estava quase vendo seu único carro elétrico entrar para o ranking dos 10 modelos de nova energia (híbridos plug-in e elétricos) mais vendidos da China.
Agora, a empresa apresentou resultados e atualizou suas previsões para cima. 2025 será o primeiro ano completo em que, pelo menos, um de seus carros elétricos estará nas ruas. Em 2023, não vendiam sequer um carro elétrico. Em 2025, pretendem colocar 350.000 unidades no mercado.
Com os dados reunidos pela Clean Technica, é muito provável que o Xiaomi SU7 se posicione entre os 10 carros de nova energia mais vendidos no mercado chinês, apesar de competir com marcas já consolidadas que oferecem veículos muito mais baratos, como o BYD Seagull e o Wuling HongGuang Mini.
Os resultados de 2024 foram um respaldo definitivo para a estratégia da empresa.
Resultados de tirar o fôlego
Até agora, a Xiaomi havia anunciado a expectativa de entregar 300.000 carros elétricos em 2025. No entanto, a apresentação de resultados de 2024 serviu para atualizar esse número com mais 50.000 unidades adicionais.
Além do Xiaomi SU7, a empresa deve lançar no mercado o Xiaomi YU7, um SUV elétrico que mira diretamente o Tesla Model Y como principal rival. Não é por acaso que a empresa de Elon Musk esteja considerando o lançamento no país asiático de uma versão mais enxuta de seu SUV elétrico mais vendido.
Mas o que realmente impulsionou a companhia foi o Xiaomi SU7 Ultra. O carro elétrico mais potente da marca oferece o desempenho dos sonhos a um preço consideravelmente baixo. No papel, supera o desempenho de um Porsche Taycan, a um terço do preço.
Como era de se esperar, o anúncio terminou por desencadear um certo hype. Lei Jun confirmou que, em apenas três dias, a Xiaomi vendeu toda a produção programada para 2025, com mais de 10.000 vendas confirmadas. Nesse mesmo período, foram registradas 19.000 reservas, ou seja, a demanda pelo carro quase dobrou a produção anual em apenas 72 horas.
Tudo isso teve um impacto brutal nas finanças da empresa:
- A Xiaomi já entregou mais de 200.000 automóveis
- O lucro líquido da empresa aumentou 41% (3,76 bilhões de dólares) em relação a 2023
- As vendas totais da companhia cresceram 35%
- Os carros já representam 10% da receita da Xiaomi
- Entre 2021 e 2025, a empresa investiu 3,3 bilhões de dólares no desenvolvimento do veículo elétrico e de todo o seu ecossistema
- Pretende investir mais 4,2 bilhões de dólares em pesquisa em 2025
- A divisão de carros registrou uma perda de cerca de 800 milhões de dólares
Essa perda de 800 milhões de dólares não deve representar um grande problema para a companhia. Vale lembrar que, só em 2025, a Xiaomi deve quase dobrar as vendas dos carros que colocou no mercado até agora. Além disso, o desempenho do Xiaomi SU7 Ultra e a chegada do Xiaomi YU7 devem ajudar a rentabilizar os investimentos já realizados.
E não para por aí. Segundo destaca a revista Fortune, a Xiaomi avalia de forma extremamente positiva seu desempenho no mercado automobilístico, pois isso ajuda a reposicionar e valorizar sua imagem de marca. Competir de igual para igual com Porsche e Tesla confere à empresa um prestígio que, até agora, ela não possuía.
Além disso, a própria Xiaomi já confirmou que, em 2027, pretende começar a exportar seus primeiros carros para fora da China — um passo que deve dar um novo impulso ao seu portfólio e reforçar ainda mais a estratégia de transformar o carro elétrico em um dos pilares centrais da companhia. Se é que já não é.
Foto | Lei Jun no X
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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