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Bombardear os pólos com armas nucleares ou construir um ímã gigante: algumas das ideias para tornar Marte habitável

Aquecer Marte é desafio antes de torná-lo habitável
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Embora possa parecer uma das tarefas mais complexas, pousar em Marte é, na verdade, a parte mais simples do plano de colonização do planeta vermelho. O mais complicado é terraformá-lo, acessar suas reservas de água e, eventualmente, transformá-lo em um lugar habitável.

Marte é um planeta muito frio. Embora tenha grandes reservas de água, estas permanecem presas na forma de gelo devido à sua temperatura média de -63 °C.

Essas condições extremas se devem principalmente à perda da maior parte de sua atmosfera. Atualmente, Marte retém apenas uma fina camada de dióxido de carbono, um gás que não retém calor efetivamente. Por esse motivo, os cientistas propuseram várias ideias para aquecer sua superfície, derreter suas reservas de água e, no futuro, torná-lo habitável.

Diferentes ideias para aquecer Marte

Um dos primeiros a considerar a "engenharia planetária" como uma solução para adaptar Marte a condições mais semelhantes às da Terra foi Carl Sagan. Em 1973, ele publicou um artigo na revista Science onde sugeria transportar entre um milhão e um bilhão de toneladas de material de baixo albedo, uma medida da capacidade de uma superfície de absorver radiação solar. Esse material, depositado nas calotas polares, poderia acelerar o aquecimento global em algumas décadas.

Sagan também levantou a possibilidade de introduzir microrganismos ou plantas capazes de fotossíntese, com o objetivo de liberar oxigênio e aumentar os níveis de dióxido de carbono na atmosfera marciana. No entanto, na época, essa ideia era inviável devido a limitações tecnológicas.

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Com a chegada de Elon Musk e seu projeto de foguete Starship, surgem novas oportunidades para avançar na colonização de Marte e transformar a humanidade em uma espécie multiplanetária. Musk propõe detonar explosivos nucleares sobre as calotas polares de Marte para liberar dióxido de carbono e vapor de água, gerando um efeito estufa que aumentaria a temperatura e densificaria a atmosfera.

No entanto, essa ideia enfrenta múltiplos obstáculos. Além dos riscos associados à construção e ao lançamento de armas nucleares, a quantidade de CO2 armazenada no gelo seco dos polos pode não ser suficiente para sustentar um efeito estufa prolongado.

Outras sugestões, cada vez mais arriscadas

Outra proposta, que parece tirada da ficção científica, é instalar espelhos gigantes na órbita marciana, com diâmetro de aproximadamente 250 quilômetros. Esses espelhos refletiriam a luz solar de volta aos polos para aquecê-los e liberar os gases presos no gelo. O desafio está em fabricar e posicionar estruturas de cerca de 200 mil toneladas no espaço, além de prever os efeitos que elas podem gerar a longo prazo.

Recentemente, um estudo propôs o uso de aerossóis artificiais com nanopartículas de metais como alumínio e ferro, disponíveis em Marte. Essas partículas seriam liberadas na atmosfera para espalhar a luz solar para a superfície, bloquear a radiação infravermelha e criar um efeito estufa artificial.

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Soluções biológicas também ganharam relevância graças aos avanços da biotecnologia. Algumas propostas incluem o envio de plantas ou organismos geneticamente modificados capazes de sobreviver nas condições extremas de Marte e produzir oxigênio.

No entanto, essa abordagem enfrenta desafios adicionais, como o desenvolvimento de "superplantas" que podem suportar um ambiente virtualmente sem atmosfera e crescer em solo pobre em nutrientes. Entre as espécies mais promissoras está o musgo Syntrichia caninervis.

Outra ideia sugere a introdução de gases de efeito estufa, como a amônia. Embora sua produção em Marte exija uma infraestrutura massiva e seja um processo extremamente lento, ao longo milhares de anos, esse problema poderia ser resolvido transportando o gás de asteroides próximos.

A proposta mais ambiciosa propõe a criação de um campo magnético artificial para proteger Marte da radiação solar e cósmica, fatores que erodiram sua atmosfera por milhões de anos.

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Jim Green, cientista da NASA, sugeriu instalar um ímã gigante no ponto L1 Lagrange, entre Marte e o Sol, para gerar um campo magnético poderoso o suficiente para proteger a atmosfera marciana. Embora essa ideia seja completamente irrealizável com a tecnologia de hoje, ela oferece um vislumbre fascinante do futuro.

De todas as soluções propostas, a de Sagan continua sendo uma das mais práticas. Estudos recentes indicam que diminuir o albedo de Marte poderia acelerar o aquecimento de sua superfície em algumas décadas.

Aumentar a temperatura em mais de 30 °C usando materiais que impedem que a luz solar escape da atmosfera permitiria que o gelo derretesse e possibilitaria que água líquida existisse na superfície do planeta vermelho.

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