A Rússia precisa tornar sua indústria de semicondutores independente de Estados Unidos, Europa e seus aliados. As sanções impostas por esses países como consequência da invasão russa à Ucrânia dificultam o desenvolvimento da indústria de circuitos integrados do país, bem como seu acesso aos chips de ponta disponíveis atualmente no mercado. O governo liderado por Vladimir Putin está focado nisso e investirá 2,54 bilhões de dólares (R$ 15,3 bilhões) até 2030 no desenvolvimento de máquinas de fotolitografia próprias.
A administração russa tem apoiado suas empresas e os resultados já começam a aparecer, embora de forma parcial. Uma dessas companhias, a montadora de computadores e servidores Graviton, já preparou seu primeiro servidor para aplicações de inteligência artificial (IA) e computação de alto desempenho, equipado com duas CPUs de 48 núcleos de origem russa. Os processadores de propósito geral que integram essa máquina foram projetados e fabricados na Rússia, embora suas GPUs sejam uma história diferente.
"Feito na Rússia", mas só em parte
Até o momento, a Graviton não revelou as especificações detalhadas das duas CPUs integradas em seu servidor S2124B, embora seja provável que se tratem de dois chips BE-S1000 da Baikal Electronics. Essas CPUs, a princípio, possuem características adequadas para suportar as cargas de trabalho impostas pela IA e pela computação de alto desempenho: 48 núcleos ARM Cortex-A75 capazes de operar a uma frequência de até 2 GHz. Esses chips operam nessa máquina junto com memórias DDR4-3200. Nada especialmente impressionante até aqui.
Por outro lado, o servidor S2124B permite a instalação simultânea de até oito placas equipadas com GPUs para IA e 12 unidades de armazenamento com interface SATA ou SSD NVMe U.3. Essas características estão alinhadas com as especificações que um servidor projetado para IA e computação de alto desempenho deve ter. No entanto, o que a Graviton não informa é o tipo de GPU que acompanha essa máquina. Muito provavelmente, isso ocorre porque as soluções oferecidas não têm origem russa.
As sanções dos EUA e de seus aliados pretendem, entre outros objetivos, impedir que GPUs de ponta projetadas por NVIDIA e AMD cheguem à Rússia. Esses chips continuam entrando no país liderado por Vladimir Putin, mas presumivelmente em quantidades limitadas e por meio de intermediários e rotas de importação paralelas. Como acabamos de ver, a Graviton tem acesso a CPUs de origem russa, mas não a GPUs projetadas e fabricadas na Rússia. Ela ainda depende de GPUs estrangeiras, sendo quase certo que as fornecidas pela fabricante com esse servidor sejam as H100 da NVIDIA. Os números de desempenho anunciados coincidem exatamente com a produtividade desse chip para IA.
Imagem | Graviton
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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