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CEO da Ford viajou à China e voltou aos EUA com carro da Xiaomi; e agora não quer outro veículo

  • Jim Farley confessa que passou os últimos seis meses dirigindo o Xiaomi SU7 pelas ruas de Chicago, depois de se apaixonar pelo carro durante uma viagem à China.

  • Ele pediu que sua equipe importasse mais modelos chineses para entender o que eles fazem bem e por que estão ganhando espaço no mercado.

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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Imagine que você é o CEO de uma empresa como a Ford e pode escolher um carro gratuito para se deslocar todos os dias para o trabalho.

Um F-150 Raptor seria uma ótima opção (especialmente em um Estados Unidos apaixonado por carros enormes). A alternativa também pode ser um Mustang GT e, se você preferir um elétrico, o Mach-E. Mas não: o presidente da Ford passou os últimos seis meses dirigindo o Xiaomi SU7 pelas ruas de Chicago.

Não se trata apenas de conhecer a concorrência: ele diz que não quer abrir mão do carro.

Procurando prata, encontrou ouro.

Há alguns meses, Jim Farley, diretor executivo da Ford, viajou à China com sua comitiva para conhecer o estado da indústria. Basicamente, ele queria verificar de perto por que a China está "comendo a fatia de mercado" do Ocidente no setor de carros elétricos — com exceção da americana Tesla, é claro.

Empresas como BYD e SAIC, por exemplo, estão inundando o mercado ocidental com seus modelos antes que as tarifas sejam aplicadas.

Nessa observação de mercado, e como lemos no Electrek, Farley encontrou carros que o surpreenderam, como o Seagull da BYD, mas o que realmente o conquistou foi o Xiaomi SU7.

O carro da Xiaomi

Como são as coisas, né? Após anos falando sobre o carro elétrico da Apple — projeto que foi oficialmente cancelado este ano —, o carro de outra empresa de tecnologia que está atraindo muita atenção é o da Xiaomi.

O SU7 é um sedã que mira o mercado da Tesla e da Porsche (por que não dizer, o design é muito Porsche) tanto por sua potência quanto pelas enormes baterias de 150 kWh fabricadas pela CATL, com autonomias de 1.000 quilômetros.

Trata-se de uma das partes mais importantes da estratégia da empresa, segundo a própria Xiaomi, e levaram menos de três anos para desenvolvê-lo.

Possui muitos automatismos, um interior extremamente tecnológico com um HUD enorme, é compatível com a Apple via AirPlay e, como utiliza o sistema HyperOS, também permite controlar dispositivos domésticos diretamente do veículo. Isso na China, onde o ecossistema da Xiaomi é enorme.

Ele está encantado!

Vamos voltar a Farley. O Xiaomi SU7 deve tê-lo impressionado tanto que ele encomendou um modelo de Xangai para Chicago, onde mora, e, como confessou em um podcast chamado Everything Electric Show, nos últimos seis meses tem dirigido o carro da Xiaomi. Ele também disse que não gosta de falar da concorrência, mas que não quer abrir mão do carro, pois considera que “é fantástico”.

Na verdade, ele parece admirar não só o próprio veículo, mas também o potencial da marca em atrair consumidores. Farley descreveu a Xiaomi como “um gigante da indústria, uma marca de consumo muito mais forte do que as montadoras tradicionais”, e isso tem a ver com o ecossistema mencionado.

A Xiaomi, como outras empresas, é capaz de gerar um forte sentimento de pertencimento, fazendo com que um usuário que já possui vários dispositivos da marca sinta vontade de adquirir mais. E agora, dentro dessa fórmula, eles têm um carro elétrico que, apesar de alguns problemas, promete ser um produto que pode desafiar a indústria.

A China é uma ameaça?

Tudo isso se torna ainda mais curioso quando consideramos a intensa guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, incluindo as tarifas sobre carros estrangeiros na equação. Da viagem à China, Farley trouxe mais do que o Xiaomi SU7. Em um artigo do The Wall Street Journal, explica-se como o CEO pediu a seus executivos que importassem vários carros chineses.

O objetivo era examinar e testar o que torna esses modelos especiais e como conseguem ser vendidos a preços acessíveis.

Essa estratégia inclui outros aspectos, como contratar serviços de fornecedores dessas empresas chinesas para criar novos carros elétricos, aprender a competir em mercados asiáticos e entender como essas marcas conseguiram se estabelecer no México, onde os carros chineses já representam 20% das vendas.

Para Farley, ficou claro: a indústria automotiva chinesa é uma “ameaça existencial”, e tanto a Ford quanto os fabricantes ocidentais precisam agir rapidamente.

Imagens | Xataka, Ford

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