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As demissões já não são o maior problema para as empresas — agora é encontrar candidatos verdadeiramente qualificados

Funcionários se sentem facilmente substituíveis e sem reconhecimento

60% das empresas acreditam que já oferecem oportunidades suficientes de crescimento, funcionários discordam / Imagem: Xataka
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Enquanto as empresas afirmam que não conseguem encontrar talentos qualificados para preencher suas vagas, os funcionários dizem que faltam oportunidades de crescimento dentro delas. Essa sensação generalizada de estagnação leva à desmotivação, perda de produtividade e até fuga de talentos.

Essa situação paradoxal foi revelada em um estudo de 2024 realizado pelo Índice de Otimismo Profissional da Universidade de Phoenix, nos Estados Unidos. De acordo com o documento, mais da metade dos 5.000 trabalhadores entrevistados se sente facilmente substituível em seus locais de trabalho e quase dois terços consideram que sua empresa não reconhece seu esforço nem oferece caminhos claros para crescer dentro dela.

Os chefes pedem mais habilidades, mas não desenvolvem as que já têm

De acordo com John Woods, reitor da Universidade de Phoenix, o mercado de trabalho atual vive um “ambiente de talento estagnado”, alimentado pela inflação e pela pressão por redução de custos. Isso leva as empresas a buscar talentos externos em vez de investir na capacitação e no desenvolvimento das habilidades de seus próprios colaboradores — algo que, para Woods, é “um erro estratégico”.

No entanto, quase metade dos líderes empresariais entrevistados admitiu ter dificuldades para encontrar novos funcionários com as habilidades necessárias para ocupar as vagas. Já 60% acreditam que suas empresas já oferecem oportunidades suficientes de crescimento. Essa percepção, porém, não é compartilhada por todos: apenas um terço dos trabalhadores concorda com essa visão otimista.

Funcionária

Essa falta de alinhamento não se reflete apenas na percepção, mas também nas consequências. Funcionários que não têm oportunidades de crescimento têm o dobro de chances de abandonar seus cargos. Segundo o relatório, isso representa um duro golpe para as empresas, já que contratar um novo colaborador é mais caro e ainda exige tempo, curva de aprendizado e adaptação à equipe.

Funcionários estão prontos para ir embora

Os trabalhadores entrevistados afirmaram estar dispostos a aprender. A maioria, inclusive, reconheceu que precisa adquirir novas habilidades para se manter competitiva e valoriza as empresas que oferecem esse tipo de apoio. No entanto, quando essa oportunidade não aparece, é muito provável que considerem pedir demissão.

Esse fenômeno é conhecido como “o grande estancamento”. Segundo a Análise de Tendências e Salários 2025 da Hays, 48% dos trabalhadores acreditam que suas funções atuais não permitem crescimento profissional. Já 30% dos que mudaram de emprego em 2024 o fizeram por falta de oportunidades de crescimento em seus cargos anteriores. Esse fator, aliás, foi mais importante que o salário na hora de buscar um novo trabalho.

Apesar disso, as empresas tendem a priorizar seus lucros financeiros imediatos e acabam negligenciando o desenvolvimento dos colaboradores. Nesse sentido, o relatório citado por El Economista aponta que as empresas podem se beneficiar ao promover um ambiente de aprendizado contínuo e alinhar os objetivos de desenvolvimento com as necessidades organizacionais.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka México.

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