Híbridos retrocruzados: o DNA oculto das baleias azuis se cruza com outras espécies e crias híbridas

Baleias estão criando hibrídos férteis
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Um estudo publicado na Conservation Genetics revelou que cerca de 3,5% do DNA das baleias azuis do Atlântico Norte (Balaenoptera musculus musculus) veio de outra espécie: a baleia-comum (Balaenoptera physalus). Este é um fato surpreendente, uma vez que até recentemente se pensava que os híbridos entre espécies eram estéreis.

A descoberta foi feita por cientistas do Canadá e da Noruega. Eles analisaram o DNA de 31 baleias azuis do Atlântico para criar um genoma "do zero" que serviu de base para comparar as sequências genéticas de cada espécime. O estudo mostra que a hibridização pode ser um mecanismo natural e reprodutivamente viável nesses animais.

O que é introgressão?

O processo pelo qual uma espécie adquire o material genético de outra é conhecido como introgressão. Segundo Robotitus, isso era considerado incomum na natureza, já que híbridos como a mula ou o ligre (mistura de leão e tigre) são estéreis. No entanto, no caso das baleias, seus híbridos parecem ter descendentes férteis. Isso indica que, apesar de suas diferenças, ambas as espécies são muito próximas em termos genéticos.

O primeiro caso documentado de um híbrido fértil em cetáceos foi em 1986, na Islândia. Na ocasião, uma baleia híbrida prenha foi encontrada, confirmando que a mistura genética pode ser bem-sucedida. No entanto, a introgressão pode ter efeitos negativos, como a perda de características específicas de cada espécie. As baleias azuis apresentam mais DNA de baleia-comum, enquanto o contrário ocorre menos.

Os cientistas temem que o DNA da baleia-azul seja perdido para a população e, portanto, que a espécie se torne mais vulnerável à extinção. O processo que dá origem a novas espécies a partir de um ancestral comum é crítico para manter a diversidade genética. A introgressão faz com que as linhas entre duas espécies se tornem confusas, o que pode levar à extinção de uma delas.

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Implicações para a conservação

Com um comprimento de até 34 metros, a baleia-azul é o maior animal do mundo. Atualmente, esta espécie está listada como ameaçada pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Ela é dividida em quatro subespécies, incluindo B. musculus musculus, que vive no Atlântico Norte e no Pacífico Norte, é uma subespécies mais ameaçadas.

De acordo com a Live Science, o fenômeno parece estar limitado a populações de espécies do Atlântico, tornando-se um caso único globalmente. Especialistas ainda não sabem ao certo por que essa hibridização é tão marcante nessa região. No entanto, acredita-se que a diferença no número de espécimes entre as duas espécies pode ter influência.

De acordo com Mark Engstrom, geneticista ecológico da Universidade de Toronto, essa é uma boa notícia "porque significa que a população está mais conectada", que é mais diversa geneticamente e mais resistente a mudanças. Apesar dos temores, isso pode alimentar a esperança de que as baleias azuis do Atlântico Norte possam se recuperar.

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