A alta da inflação não só afetou os preços dos alimentos no mercado, mas também abriu espaço para o aparecimento de novos produtos que podem confundir o consumidor. Itens como café e leite estão sendo substituídos nas prateleiras por outros que tentam se aproximar do sabor, mas não possuem a mesma qualidade. E o disfarce da embalagem pode estar tão bem feito, que você só percebe a diferença quando já abriu o produto em casa.
Café falso
Um dos produtos mais consumidos pelo brasileiro, independente da temperatura ambiente, o pacote de café tradicional de 1kg chegou a quase R$ 100. Esse preço astronômico abriu espaço para que outras opções, com menos ou até nenhum grão de café, surgissem nos mercados. Alguns pós de qualidade mais baixa contêm alta quantidade de chicória, cevada ou outras plantas moídas e torradas, dando mais amargor à bebida. Mas ultimamente surgiram alguns produtos que tentam imitar embalagens e nomes de produtos com de maior qualidade com um preço muito mais baixo para enganar o público.
Não é proibido misturar outras plantas ao café. Há bebidas à base de cevada e chicória que se vendem como alternativa para quem não quer ou não pode consumir café. Mas elas deixam claro no rótulo que não são café e não possuem o grão na sua composição. Em entrevista ao UOL, Celírio Inácio, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) explica que “a fraude acontece quando você coloca a palavra café para ter benefício econômico e o consumidor não consegue saber sobre isso. Acompanhamos há alguns anos essa tentativa de fazer um produto de 'café' que não seja café, mas diante do aumento do preço eles elevaram o nível de criatividade e criaram produtos ilegais, que não são reconhecidos pela Anvisa, para atender aos anseios de um preço menor”. A Abic tem uma classificação dos cafés que leva em consideração a pureza do pó, a qualidade do grão e o amargor do café. Os produtos que possuem chicória, cevada ou outros aditivos misturados recebem a classificação de café Extraforte por serem mais amargos que os cafés mais puros.
Café Melita e bebida Melissa | Foto: Divulgação/Abic
Leite ou bebida láctea?
Os laticínios também entraram na onda de falsificação. O consumidor mais distraído pode levar bebida láctea em vez de leite para casa. A diferença é que, enquanto o leite puro não possui nenhum aditivo, a bebida láctea mistura leite com soro do leite para diminuir os custos. Isso pode influenciar no caso de receitas, por exemplo. Caso você use mistura láctea para fazer brigadeiros, pode ter certeza que o resultado não vai ser o mesmo que se usasse leite condensado. O mesmo problema se encontra nos queijos. Para baratear, alguns mercados têm vendido queijos análogos. Esses produtos trocam o leite e sua gordura por gordura vegetal, proteínas de queijo, e amido modificado, encorpando a mistura e dando um aspecto de queijo.
Cuidados para não levar gato por lebre
Na hora de fazer as compras, é preciso ter atenção. Café, leite e queijos “falsos” são colocados lado a lado com os produtos legítimos para que a diferença de preço influencie a escolha do consumidor. Então se você achar um pó de café com o preço muito abaixo dos outros, já desconfie. Segundo o manual da Abic, as embalagens de café verdadeiro têm que exibir na frente do rótulo, sob o nome da marca, as palavras “café torrado em grão” ou “café moído e torrado”. Para os laticínios, dê uma olhada na lista de ingredientes. A presença de “amido modificado”, “soro de leite”, “gordura vegetal” ou outros itens que não deveriam estar ali, não compre.
Imagem | Freepik
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