Desde o dia 1º de abril, a ASML (multinacional neerlandesa e maior fornecedora de sistemas de litografia para a indústria de semicondutores) não pode mais vender a seus clientes chineses seus equipamentos de medição e inspeção de circuitos integrados.
A administração neerlandesa endureceu seus controles de exportação para a China, alinhando-se assim às sanções aprovadas pelos EUA no início de dezembro. Na prática, essas proibições obrigam o maior fabricante de equipamentos de litografia do planeta a solicitar licenças ao governo dos Países Baixos para exportar boa parte de suas máquinas.
Mas isso não é tudo. No final de fevereiro, vários funcionários norte-americanos se reuniram com seus homólogos neerlandeses e japoneses com um propósito claro: negociar quais medidas podem ser tomadas para limitar drasticamente a participação dos engenheiros da ASML e da japonesa Tokyo Electron na manutenção dos equipamentos de produção de semicondutores que estão sendo utilizados por seus clientes chineses.
A China já é o maior mercado da ASML
As sanções que estão sendo aprovadas pelos governos dos EUA e dos Países Baixos estão degradando os negócios da ASML na China. Isso é inevitável, considerando que essa empresa europeia não pode vender a seus clientes chineses seus equipamentos de litografia mais avançados. E também não pode prestar a eles alguns serviços de manutenção e assistência pós-venda. O mais surpreendente é que, apesar da conjuntura atual, o mercado chinês está se tornando cada vez mais importante para a ASML.
Em 2022, as vendas dessa companhia na China chegaram a 2,9 bilhões de euros, o que representou 13,8% de suas vendas anuais. Naquele momento, Taiwan era um mercado mais importante para a ASML do que a China. De fato, em 2023 os clientes da ilha compraram desse fabricante equipamentos de litografia no valor total de 8,1 bilhões de euros, enquanto seus clientes chineses desembolsaram 7,3 bilhões de euros. E, curiosamente, em 2024 a China se consolidou como o maior mercado para a ASML, com vendas totais de 10,2 bilhões de euros.
Para entender de onde vem esse número, é necessário levar em conta algo importante. Como vimos, a ASML não pode vender a seus clientes chineses seus equipamentos mais avançados, como as máquinas de litografia ultravioleta extrema (UVE) ou ultravioleta profunda (UVP), mas, por enquanto, ainda pode fornecer soluções que permitem produzir chips com tecnologias de integração maduras. Esses são os semicondutores usados majoritariamente em carros, eletrodomésticos e dispositivos eletrônicos, entre outros produtos, e que são produzidos geralmente em nós de 28 nm ou menos avançados.
Seja como for, todas essas máquinas precisam de manutenção. E a ASML está decidida a garanti-la a seus clientes chineses, apesar das prováveis reticências que possam ser impostas pelos governos dos EUA e dos Países Baixos. Segundo o veículo SCMP, essa empresa vai construir um centro de reparos e reutilização de equipamentos de litografia no coração da China — em Pequim. Essa decisão chega em um momento em que a tensão entre os EUA e a China está no auge e, na prática, representa uma declaração de intenções bastante clara: a ASML vai proteger seus negócios na China a qualquer custo. Resta ver qual será a resposta do governo liderado por Donald Trump.
Imagem | ASML
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
Ver 0 Comentários