Elon Musk chamou o Tesla de US$ 25.000 de "ideia ridícula" — agora, ele precisa desse carro para competir na China

As vendas da Tesla na China não decolaram em 2025 e a empresa precisa acompanhar o ritmo de uma BYD em ascensão

Tesla passou anos resistindo a fabricar um modelo mais barato, mas agora pode se ver obrigada a fazer isso / Imagem: Tesla
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

O mercado de carros elétricos está ficando mais competitivo. E a marca que mais fez para popularizar essa tecnologia enfrenta um futuro incerto. O risco de a Tesla ficar para trás começa a se tornar evidente sem um modelo mais popular, que custe em torno de 25 mil dólares (cerca de R$ 150 mil), em sua linha. Explorar esse nicho poderia ter ajudado a empresa a expandir o mercado, mas acabou que não vimos a Tesla apostar nesse modelo econômico, que poderia ter virado seu ás na manga.

Como surgiu essa história

Já faz cinco anos que ouvimos falar do carro de 25 mil dólares da Tesla. A primeira vez que a empresa colocou preço e data nesse conceito foi no Battery Day de 2020. Na ocasião, a companhia afirmou que deveríamos ver o projeto materializado em 2023.

Como tantas outras promessas da empresa, isso não aconteceu. E não só não aconteceu — no ano passado, durante a apresentação de seu projeto de robotáxis para o curto prazo, o próprio Elon Musk chegou a chamar esse carro de 25 mil dólares de uma "ideia absurda".

Mais necessário do que nunca

Nos últimos meses, o desempenho da Tesla na bolsa vem sendo uma montanha-russa. A eleição de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos disparou o otimismo entre os investidores, dado o estreitamento da relação de Musk com o novo governo. Desde o início do ano, porém, o desempenho das ações perdeu força e regrediu aos níveis anteriores às eleições.

Esse crescimento e queda se devem muito ao fenômeno do cult stock, mas também a resultados ruins. O ano de 2024 foi o primeiro em que a Tesla não cresceu, e os primeiros meses de 2025 estão sendo realmente difíceis. Como esperança, há apenas a nova geração do Tesla Model Y.

Além disso, a Tesla está vendo os concorrentes apertarem o cerco. O mais recente a entrar na disputa foi a Mazda, com seu primeiro grande carro elétrico — maior que o Tesla Model 3, mas competindo em preço. E não é o único caso: começam a surgir carros elétricos úteis para o dia a dia e viagens longas por 30 mil euros.

China, um sintoma

Os planos da empresa para a China revelam muito sobre as preocupações internas. O país foi o primeiro a receber a renovação do Tesla Model Y. No mercado mais competitivo para o carro elétrico, essa atualização era imprescindível. A resposta da BYD pouco depois foi ambiciosa: oferecer gratuitamente seus sistemas de assistência à condução.

Esse movimento é um míssil direcionado à Tesla, que até poucos meses atrás ainda não havia conseguido as permissões para seguir aprimorando suas funções de assistência à condução no país. Sem dúvida, é um argumento de venda poderoso contra um carro mais caro e sem opções menores. Ou seja, a Tesla não tem uma proposta competitiva justamente onde estão as grandes vendas do mercado chinês.

O Tesla “barato” vem aí — mas por que só agora?

Dentro da Tesla, o problema é bem conhecido — e, de fato, a Reuters afirma que a empresa está preparando uma versão reduzida do atual Tesla Model Y. Ela deve ser, ao menos, 20% mais barata de produzir. Mais tarde, essa versão também chegará aos Estados Unidos e à Europa, segundo as fontes da agência de notícias.

Mas o que aconteceu para que a Tesla tenha “abandonado” o projeto do carro de 25 mil dólares? É difícil acreditar que a empresa tenha mudado de rumo de forma tão radical apenas por decisão de Elon Musk. Na verdade, já houve investidores que questionaram essa mudança de estratégia quando foi anunciado o projeto do Tesla Cybercab.

Nos últimos anos, a Tesla afirmou que tinha bases sólidas para acreditar que poderia baratear em 50% a produção de seus carros. A ideia era transformar o carro elétrico em uma espécie de pequeno quebra-cabeças. Mas quanto maior é o gigacasting — processo que tantos benefícios trouxe à empresa —, mais complicado se torna criar a primeira peça-mãe. Um problema que, segundo a Reuters, acabou se enraizando.

A isso se soma o fato de que a Tesla não está obtendo o desempenho econômico esperado com suas baterias 4680. Elas eram a grande promessa para baratear o carro elétrico e se aproximar da sonhada faixa dos 25 mil dólares, mas os resultados estão aquém do esperado. Na verdade, um grupo de pesquisadores avaliou essas baterias comparando-as com as da BYD e afirmou que as do fabricante chinês são muito mais baratas de produzir.

Um fio de esperança

Parece difícil acreditar que a empresa tenha abandonado completamente um projeto do qual precisa desesperadamente para alcançar a meta de se tornar uma fabricante de dezenas de milhões de carros, como a própria Tesla afirma desejar ser.

O surgimento de uma versão enxuta do Tesla Model Y na China é um desses sinais. Além disso, os rumores ganham força porque, no final de 2024, o The Wall Street Journal também afirmou que a empresa está decidida a lançar um SUV menor que o Model Y — embora ele não atinja a cobiçada faixa de preço já mencionada.

Portanto, não parece que a Tesla não queira lançar um carro elétrico de 25 mil dólares. Tudo indica que ela não consegue. Os processos produtivos que pretendiam reduzir drasticamente os custos parecem estagnados, mas a intenção de continuar oferecendo novos modelos mais acessíveis ainda parece viva dentro da empresa.

Imagem | Tesla

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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