Argentina diz "não" à venda da subsidiária da Telefónica para o Clarín. Telefónica Espanha diz "não é problema meu"

Milei suspendeu preventivamente a venda da Telefónica Argentina para a Telecom devido a risco de monopólio, mas Telefónica e blindou o acordo

Imagens | Casa Rosada, Telefónica
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

O governo de Javier Milei suspendeu "preventivamente" a venda da Telefónica Argentina para a Telecom (controlada pelo Grupo Clarín e pela Fintech), alegando riscos de concentração monopolista. No entanto, a Telefónica já arrecadou os US$ 1,245 bilhão de dólares (cerca R$ 7,35 bi) e considera a operação encerrada e irrevogável.

O problema agora não está nas mãos deles, mas sim de seus compradores.

Por que é importante

A transação representa um desinvestimento estratégico para a Telefónica, que busca reduzir sua exposição na maior parte da América Latina para se concentrar em seus mercados prioritários: Espanha, Brasil, Alemanha e Reino Unido.

A Argentina representou apenas 3% da receita do grupo e gerou resultados operacionais negativos (menos € 199 milhões em 2023, cerca de R$ 1,28 bi).

Nas entrelinhas

O bloqueio tem um forte componente político: Milei mantém um confronto aberto com o Grupo Clarín, dono de 40% da Telecom Argentina e dono do jornal de maior circulação no país, além de diversos veículos de comunicação influentes.

O presidente argentino chegou a publicar uma mensagem em sua conta no X acusando o Clarín de "assediar o governo com mentiras".

Original

O contraste

A posição de Milei é contraditória com sua ideologia ultraliberal. Em fevereiro, durante um discurso em Washington, ele disse que "monopólios não são ruins, a menos que sejam estabelecidos pelo Estado". Agora, usa argumentos antitruste para bloquear uma operação entre empresas privadas.

Sim, mas

A legislação argentina prevê apenas um controle ex post das operações comerciais. Isso significa que condições ou restrições só podem ser impostas ao comprador, não ao vendedor, e somente após o fechamento da transação.

Em números

Segundo o governo argentino, a fusão criaria uma gigante das telecomunicações que concentraria:

  • 61% do mercado de telefonia móvel;
  • 69% da telefonia fixa;
  • Até 80% do serviço de internet residencial em algumas áreas.

E agora?

A Telefónica sai com a jaqueta limpa dessa lama. Se as autoridades argentinas confirmarem a posição dominante, a única afetada seria a Telecom Argentina, que poderia ser forçada a vender ativos a preços mais baixos do que em condições normais. O objetivo é reduzir sua participação de mercado.

A transação faz parte da estratégia da Telefónica de desinvestimentos na América Latina, onde os negócios representam 13% do EBITDA com margens menores (19,4% contra 32,1% do grupo).

Esta operação parece claramente vantajosa para a Telefónica, que agora poderá reinvestir os recursos obtidos em negócios com maior potencial de crescimento, como a Telefónica Tech ou sua posição no Reino Unido. Ou então continuar a reduzir sua dívida.

Imagem em destaque | Casa Rosada, Telefónica

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