O acesso à internet sem fio quase ininterrupto ao longo do dia já é uma realidade para muita gente ao redor no mundo, inclusive no Brasil. Por aqui, para resolver a falta de conectividade wi-fi em regiões onde ele ainda é escasso, por exemplo, o Ministério das Comunicações tem em prática o Programa Wi-Fi Brasil, direcionado para levar serviço de internet banda larga sem fio a lugares não atendidos por operadoras de internet.
O acesso frequente a diferentes redes é tão comum, que já mostramos por aqui como ver as senhas de Wi-Fi salvas no seu celular para poder gerir diferentes redes. E essa tecnologia deve melhorar ainda mais com a chegada do Wi-Fi 8, que já está em desenvolvimento e vai trazer vantagens de segurança e confiabilidade, como já mostramos no Xataka Brasil.
Segundo levantamento de 2023 do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 54% das cidades brasileiras com até 100 mil habitantes oferecem Wi-Fi em locais públicos, um aumento de 6% em comparação com a mesma pesquisa realizada dois anos antes, em 2021. Já quando se trata apenas de municípios com mais de meio milhão de habitantes, o número chega a 80%.
O avanço dos pontos de Wi-Fi públicos, no entanto, leva a algumas preocupações com segurança. Não é à toa que alguns especialistas sugerem opções como desligar o Wi-Fi do celular durante a noite ou na hora de sair de casa, por exemplo. Outros vão além nas recomendações, ao destacar os riscos de acessar redes de Wi-Fi públicas.
Segurança sem fio
O aumento do número de conexões a redes públicas em espaços como aeroportos, restaurantes e até mesmo praças e transporte públicos facilita – e muito – a vida de quem está sem sinal de 3G ou 4G. No entanto, lembra o diretor de Cibersegurança da PierSec, Alex Vieira, os dispositivos ficam mais vulneráveis, especialmente numa época em que tanta gente usa essas mesmas redes para acessar a contas e aplicativos de bancos ou de e-commerce, como Mercado Livre e Amazon, ou mais cotidianos, como iFood, Uber e outros.
Alex Vieira pontua que há formas de utilizar recursos de proteção em redes Wi-Fi públicas, mas em boa parte dos casos, essas redes são vulneráveis. Ao menos, bem mais vulneráveis do que as redes privadas que temos em casa.
“A falta de um elemento de autenticação para uso da rede é um risco. Desta forma, os cibercriminosos têm acesso a informações sensíveis de forma praticamente ilimitada, especialmente de usuários mais vulneráveis com software e aplicativos desatualizados e que não fazem uso de antivírus”, explica Alex.
Ao compartilhar uma rede Wi-Fi, criminosos podem entrar na conexão como intermediários entre o usuário e o ponto de conexão. A partir daí, consegue receber diretamente informações da pessoa que utiliza a rede – sejam e-mails, mensagens, senhas ou outras informações confidenciais – ou, pior, instalar malwares e outras ameaças a quem estiver conectado na mesma rede.
Não é preciso se assustar
O risco existe, mas existem formas de se prevenir de ataques danosos. Como lembra Alex, além de manter a atualização do software do celular e dos aplicativos em dia, a pessoa jamais deve fazer transações bancárias ou logar nas redes sociais enquanto utilizar a rede aberta de Wi-Fi. “É a mesma lógica que deixar sua carteira, com todos os seus documentos, cartões e dinheiro, vulneráveis em um local público – pessoas mal-intencionadas estão sempre de olho para aproveitar a oportunidade de roubar, seja seus bens pessoais ou, no meio digital, informações sensíveis”, ressalta.

Apostas em segurança
Sabendo disso, marcas que reforçam transparência e proteção de dados saem na frente na hora de fidelizar seus clientes. E isso tem se destacado no ambiente do comércio digital, que tem conquistado cada vez mais e mais usuários ao longo dos anos.
Dados coletados pela Appdome, empresa especialista em proteção de experiências móveis, destacam o impacto digital do uso de apps de lojas online durante períodos como a Semana do Consumidor, que acontece todo mês de março. O levantamento mostra que 84,5% dos consumidores brasileiros preferem usar aplicativos móveis para fazer compras, um índice 53% superior à média global.
Os números são da pesquisa Consumer Expectations on Mobile Application Security, que destaca a crescente importância dos apps no varejo digital.
Nesse período, em 2024, houve um aumento significativo nas transações online no Brasil. Certamente – e talvez seja o seu caso –, várias delas foram feitas em ambientes de conexão por Wi-Fi públicas, onde a vulnerabilidade de segurança pode colocar o usuário em risco.
Proteção e privacidade
No cenário onde o risco é inerente, como a comparação das transações onlines com nossas carteiras feita pelo especialista nos mostrou, o futuro do e-commerce será dominado por marcas que garantirem um ambiente digital seguro e uma excelente experiência ao usuário.
O relatório da Appdome mostra, por exemplo, que 78% dos entrevistados já apagaram ou cancelaram aplicativos móveis por preocupações com privacidade e segurança. Entre os principais receios no uso, os consumidores ouvidos pela pesquisa relatam hackers e fraudes digitais, com 61,3% e 54,5%, respectivamente.
O diretor de Produto da Appdome, Chris Roeckl, recomenda usar apenas redes confiáveis para fazer as transações, de olho na proteção contra usuários indesejados interferindo no processo, mas destaca o fortalecimento da segurança nos ambientes fechados dos aplicativos, em contraste com os sites, que um dia já foram os únicos espaços para esse tipo de negociação.
“Os aplicativos móveis podem ser mais seguros do que os navegadores móveis, pois permitem que proteções contra fraudes, privacidade e segurança sejam incorporadas diretamente no próprio app. Diferente dos navegadores móveis, que dependem da proteção do dispositivo ou da rede, os apps podem aplicar criptografia mais robusta, proteger sessões de usuários, detectar ameaças em tempo real e bloquear ataques como trojans, bots e roubo de credenciais diretamente no ponto de uso”, falou ao Xataka Brasil.
Desafios dos aplicativos
Segundo, Roeckl, mais da metade da economia digital global já opera em aplicativos móveis, que se tornaram a principal escolha dos usuários não só para compras. O foco em aplicativos exclusivos e dedicados a marcas e empresas é uma tendência vista em setores variados, como de viagens, serviços bancários, comunicação, streaming e diversas atividades do dia a dia.
No setor financeiro, fintechs e bancos digitais, como Nubank e C6 Bank, estão desenvolvendo aplicativos que vão além das funções bancárias tradicionais, incorporando investimentos, seguros e cashback. No segmento de mídia e entretenimento, plataformas de streaming como Netflix, Disney+ e HBO Max apostam em aplicativos próprios para oferecer experiências personalizadas, notificações exclusivas e recursos diferenciados em relação às versões web.
O desenvolvimento de aplicativos próprios permite que as marcas criem ecossistemas mais integrados, aprimorem a experiência do usuário e tenham maior controle sobre dados e interações. No entanto, também torna esses aplicativos alvos atrativos para ataques como roubo de credenciais, sequestro de contas, phishing e injeção de código malicioso.
É por isso que enfatizamos que marcas e desenvolvedores devem adotar uma abordagem proativa para a segurança de aplicativos móveis. Investir em especialistas em segurança cibernética não é apenas uma estratégia, mas uma necessidade, garantindo que os aplicativos sejam construídos desde o início com as melhores práticas de proteção.
“Os desafios de segurança digital enfrentados por super apps como Mercado Pago, iFood e 99 demonstram por que a proteção total é essencial. Esses aplicativos integram diversos serviços em uma única plataforma – pagamentos, compras, transporte e até redes sociais. Embora ofereçam conveniência, eles também representam riscos, pois armazenam um grande volume de dados pessoais e financeiros”, destacou Roeckl.
O especialista, porém, lembra que é responsabilidade dos desenvolvedores desses aplicativos garantir proteção total aos usuários e seus dados contra diversas ameaças e ataques.
Imagem de destaque | Markus Spiske, Unsplash
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