Já ouvimos falar que as mudanças climáticas estão aquecendo progressivamente a atmosfera da Terra, mas o clima global é complexo — nem todas as regiões se aquecem no mesmo ritmo, e algumas sequer apresentam aquecimento.
Esse, porém, não é o caso do Ártico, uma das regiões do planeta que mais têm acumulado calor nos últimos anos.
30 °C
A situação atual do oceano polar é, talvez, um exemplo emblemático: a região está passando por uma espécie de onda de calor. As temperaturas por lá estão cerca de 30 graus acima do que seria normal para esta época do ano — chegando até a ultrapassar o ponto de congelamento.
Isso coloca em risco a recuperação do gelo durante o inverno no Ártico, cujos níveis já estão muito abaixo do esperado para este período, o que pode representar um avanço no processo de degelo da região.
Fluxo de calor
No final de janeiro, os modelos meteorológicos começaram a prever um fenômeno incomum: um fluxo de calor que alcançaria o Ártico nos primeiros dias de fevereiro. Agora, as observações estão confirmando essa entrada de calor na região polar — e isso já chamou a atenção de muitos especialistas.
O que está acontecendo?
Segundo o site especializado Arctic News, uma enorme quantidade de calor se acumulava, no fim do mês passado, na superfície do Atlântico Norte. Esse calor começou a se deslocar para o norte, impulsionado tanto pelos ventos quanto pelas correntes oceânicas.
A situação da corrente de jato polar também pode estar por trás dessa intrusão de ar quente no Ártico. Normalmente, essa corrente atua como uma barreira entre as massas de ar frio polar e o ar das latitudes temperadas.
No entanto, nas últimas semanas, essa corrente enfraqueceu e se ondulou, permitindo a troca de ar entre as regiões.
A perda de volume da camada de gelo no Ártico também pode estar desempenhando um papel importante. Em condições normais, essa cobertura de gelo atua como uma barreira contra possíveis intrusões de massas de ar quente, absorvendo parte desse calor.
Mas, com a redução progressiva dessa camada, as intrusões de calor na região polar tendem a se tornar cada vez mais frequentes e intensas.
Não é só o degelo
A má notícia é que essa situação não afeta apenas o gelo oceânico: a anomalia de calor também se estende por partes da Groenlândia e pelos arquipélagos do norte do Canadá, o que significa que o fenômeno pode impactar também o gelo continental. Mas esse não é o único problema.
O aumento das temperaturas na região está possivelmente ligado, como já mencionamos, à perda de força e à deformação da corrente de jato polar.
Essa deformação não apenas permitiu a intrusão de ar quente no Ártico, mas também facilitou a chegada de ar polar a latitudes mais baixas.
Isso, por sua vez, resultou em ondas de frio como a que ocorreu em janeiro em boa parte da América do Norte — uma onda que gerou cenas invernais incomuns até mesmo no sul dos Estados Unidos.
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