Se alguém deseja proteger suas imagens para vendê-las ou distribuí-las de forma segura, o uso de marcas d'água é uma prática comum. No entanto, essa proteção pode se tornar inútil diante do novo modelo de IA do Google, que demonstrou ser capaz de remover essas marcas d'água em alguns casos. E as implicações disso são significativas, sem dúvida.
Geração de imagens com Gemini 2.0 Flash
A família de modelos Gemini 2.0 Flash do Google vem surpreendendo recentemente. Isso já aconteceu com seu modo preliminar de raciocínio, o Flash Thinking, e agora se repete com seu modo de geração de imagens. Essa funcionalidade oferece opções bastante interessantes, mas também uma que está gerando certa polêmica. Ela está disponível no Google AI Studio, onde basta selecionar esse modo na seção "Create Prompt" e, no menu suspenso à direita, escolher "Gemini 2.0 Flash (Image Generation) Experimental".
Uma das características mais impressionantes desse modelo é sua capacidade multimodal. Normalmente, para gerar uma imagem, escrevemos um prompt de texto descrevendo o que queremos. No entanto, com o Gemini 2.0 Flash e esse novo modo, será possível gerar imagens a partir de outras imagens e modificá-las. Por exemplo, em uma foto de alguém vestindo uma camiseta branca, poderíamos solicitar algo como "faça a camiseta ficar vermelha".

Decidimos fazer um teste com uma imagem de referência para depois modificar o cabelo e a jaqueta. O modelo atendeu ao pedido e deixou o cabelo loiro, mas, ao fazer isso, alterou completamente os traços do rosto da jovem. O resultado da segunda transformação, que consistia em converter a jaqueta em uma camiseta azul, também não foi perfeito, mas, ainda assim, o efeito final foi impressionante.

Removendo marcas d'água
Ainda mais surpreendente, e também polêmico, é o fato de que esse modelo consegue remover marcas d’água de imagens. Muitos usuários compartilharam seus experimentos em redes como o X, mostrando exemplos em que as marcas de água simplesmente desapareciam.

Mas não funciona 100% das vezes. Decidimos testar o serviço gerando nossa própria marca d’água em uma imagem. Depois, pedimos ao Gemini 2.0 Flash que a removesse, mas, como pode ser visto na imagem, ele não apenas falhou em eliminar a marca, como também alterou o rosto da modelo e removeu alguns elementos, como um pequeno cone de sorvete rosa no canto inferior direito. Aqui, a IA generativa toma suas próprias decisões, que podem ser tão imprevisíveis quanto equivocadas.

Quando funciona, é impressionante. Fizemos mais testes e, em alguns casos, o resultado foi surpreendente. Pegamos uma imagem com marca d’água, recortamos e testamos no modelo. Como pode ser visto na imagem que acompanha o artigo, o resultado foi realmente bom, mas com um detalhe: no processo, itens como as pulseiras da modelo e o colar desapareceram. Ainda assim, o método funciona – e isso representa um problema.
De volta ao debate sobre IA e propriedade intelectual
Nos últimos dias, muito se tem falado sobre como a OpenAI pediu ao governo dos EUA que eliminasse as restrições de direitos autorais para empresas de IA. Dessa forma, elas não enfrentariam consequências pelo uso indiscriminado de obras protegidas. Agora, esse sistema adiciona mais lenha à fogueira: é provável que o Google nem sequer tenha considerado essa possibilidade ao projetar seu modelo, mas o fato de ele ser capaz de remover marcas d’água é preocupante. Especialmente para os grandes bancos de imagens, que as utilizam para garantir que os artistas sejam remunerados pelos conteúdos que criam.
O Xataka Espanha entrou em contato com o Google, e um porta-voz declarou o seguinte: "Usar as ferramentas de IA generativa da Google para violar direitos autorais é uma infração dos nossos termos de serviço. Como acontece com todos os lançamentos experimentais, estamos monitorando de perto e atentos ao feedback dos desenvolvedores".
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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